Olavo
descobriu, muito cedo na vida, que era apaixonado pela escrita. Construía
frases a partir de uma ideia base, encadeava-as de forma cirúrgica e precisa, e
nasciam textos que encantavam todos aqueles que os liam, embora ele sempre
tivesse alguns reparos a fazer e nunca os desse por terminados.
O
acto de escrever era, por si só, um momento de regozijo, libertação e êxtase, e
todos esses sentimentos juntos faziam-no sentir-se plenamente realizado, mas
nunca satisfeito. Por isso, muitos ficaram surpreendidos quando decidiu
dedicar-se profissionalmente à escrita.
Sabendo,
de antemão, que o percurso de um escritor nunca é fácil, e porque um bom livro
não aparece feito de um momento para o outro, como num golpe de mágica, Olavo
começou a fazer traduções das obras mais emblemáticas da literatura universal,
de modo a conseguir um rendimento que lhe permitisse subsistir enquanto
trabalhava, com afinco, na sua própria obra.
O
tempo foi passando… passando… passando e, porque o seu livro de estreia teimava
em não surgir, alguns amigos começaram a interrogá-lo sobre a demora. Rapidamente
descobriram que, a cada nova tradução feita, Olavo sentia necessidade de
reescrever todo o seu material porque tinha-se deparado com alguma técnica,
estilo ou abordagem que achava pertinente incluir no seu livro.
Hoje,
muitos anos após a sua morte, Olavo é uma referência para a maioria dos
tradutores de obras clássicas, pela qualidade das quase duzentas traduções que
fez. Já em relação ao seu livro… apesar das múltiplas vezes que o reescreveu,
ele nunca viu a luz do dia por uma questão de perfeccionismo exacerbado.