domingo, 28 de março de 2010

A vida que merecemos

São tantas as voltas que a vida dá
e sim, rodamos como num carrossel
trilhamos caminhos ao Deus dará

somos simples papagaios de papel
nas mãos do nosso próprio destino
voamos neste nosso céu de Babel

nossas vidas são um mero desatino
sem ponta por onde se possa pegar
triste sina, triste fado este triste hino

somos peões sem tabuleiro nem lugar
simples peças num jogo de xadrez
cujo final não sabemos vislumbrar

esperamos que chegue a nossa vez
tentamos alcançar um xeque-mate
a cada lance provamos só insensatez

nossos desejos, não há quem acate
então argumentamos apenas teoria
que de pobre, facilmente se rebate

nesse caso expelimos uma heresia
sem disso, sequer, nos apercebermos
e refugiamo-nos numa vil fantasia

não pensamos mas logo dizemos
que a nossa vida é triste, feia e má
afinal, temos a vida que merecemos!

domingo, 21 de março de 2010

Poemas *

Aqui neste meu pequeno quarto de magia
Onde o vosso guerreiro encontra descanso
Releio tudo o que escrevo, faço um balanço
Dou asas à inspiração, nasce minha poesia

Já escrevi inúmeros textos, vários os temas
Múltiplas foram as formas que eu encontrei
Redigi apenas o que quis, o melhor que sei
São pedaços de mim retratados nos poemas

São meus filhos, por eles dou a própria vida
São os meus queridos meninos, a minha voz
E que mal nascem dou a conhecer ao mundo

Cada poesia é mais que uma emoção contida
É um lavar de alma desfazendo todos os nós
É conhecer o "EU" interior e mais profundo

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO
Podem continuar a acompanhar as reportagens da apresentação do livro aqui ou através do link no topo do blogue.

domingo, 14 de março de 2010

SOU IX *

Sem ser Torga, O'Neill nem Pessoa
A minha poesia tem pés para andar
Louca profecia por eu tanto a amar
Insana ilusão que desta caneta escoa

Qual real seiva de intensa mensagem
Prenhe de vida, é esta minha poesia
Com sentimento, tristeza ou alegria
Temas humanos, cobardia e coragem

Como Fénix renascida, jamais morta
Sou Lorca, o morto que sempre viveu
Tenho em mim um pacto com a sorte

Vou escrevendo igual em linha torta
Sou fiel amigo da cultura do "EU"
Como sou e serei, mesmo na morte

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

domingo, 7 de março de 2010

Se eu fosse...*

Se fosse astronauta na Lua viveria
Nunca ninguém me encontraria
Talvez assim pudesse descansar
Ficava escondido numa cratera
Se fosse astronauta, quem me dera
Lá viver e nunca mais regressar

Se fosse marinheiro de verdade
Mergulhava a grande profundidade
E viveria mesmo no leito do mar
Ficava escondido lá bem no fundo
Estaria longe dos olhos do mundo
Onde ninguém me fosse procurar

Se fosse mineiro das profundezas
Estaria certo entre outras certezas
De ter encontrado um bom lugar
Enclausurado entre xisto e basalto
Viveria sem qualquer sobressalto
E jamais alguém me ia encontrar

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

terça-feira, 2 de março de 2010

Sentidos

O perfume que em mim se entranhou
Fez conquista, não consegui resistir
É um bálsamo que ainda se faz sentir
Deu-me um abraço e jamais se afastou
De uma excelsa fragrância sou refém
Fiquei preso, mas esta prisão até convém
Foi um doce aroma que me encarcerou

O sabor que nos meus lábios habita
É um pingo de néctar com aura celeste
Fruto daquele doce beijo que me deste
Como quem sabe o que vale e acredita
Veio de ti este agradável gosto amimado
Oh meloso prazer em tudo inesperado
Como desejo que esse momento se repita

O toque de pele que meu corpo sofreu
Causado pela urgência de uma vontade
Ainda me faz vibrar de gozo e felicidade
Sem que compreenda o que aconteceu
Esse deleitoso contacto foi o bastante
Para tornar esse momento importante
E não ser apenas um toque que se deu

O sorriso que meus olhos puderam ver
É um raio de sol brilhante e sedutor
Com luz própria, qual farol auxiliador
Que nos impede de, nas rochas, bater
Sinal de alegria e extrema satisfação
Maravilhosos estes sorrisos que se dão
Patenteando não só agrado como prazer

O suspiro que suou nos meus ouvidos
É melodia divina, pelos anjos cantada
Sons perfeitos escutados na madrugada
Que sendo únicos, não serão repetidos
Louvo quem expressa o seu sentimento
De um modo mais nobre que lamento
Falo, é claro, dos excitantes gemidos

Este poema foi extraído do meu livro "AMADOR DO VERSO".

Quem quiser ver as fotos e as reportagens da sessão de lançamento pode clicar aqui ou no link que está no topo deste blogue.