Aos teus olhos sou mar revolto
sem maré que me guie
sem lua que me conduza.
Vês-me como brisa de tempestade
furacão sem ferocidade
sou natureza obtusa.
Sentes-me como sopro solar
em noite de lua encoberta
sou escuridão com brilho próprio.
Ouves-me como silêncio atroz
ave canora sem timbre
mutismo por ti infligido.
Nas tuas mãos sou pedaço de nada
matéria inorgânica
sou menos que pó.
Caminhas sobre meu corpo persa
qual rainha em seu domínio
pisando um vassalo insignificante.
Ignoras a alma que me habita
és ceifeira do meu sentimento
para mal dos meus pecados
continuo invisível.