domingo, 30 de dezembro de 2012

Em jeito de expiação (inédito)

Não sei quem foi aquele que me elegeu
e de poeta, um dia, decidiu chamar-me
nem sei se a sua intenção era tramar-me
ou ironizar com os elogios que me deu
 
Seja como for, não será esse intento seu
a razão pela qual eu hei-de lamentar-me
ou fazer que da minha voz s'oiça o alarme
de quem sem jogar pense que já perdeu
 
Porque poeta nunca me achei nem acho
apenas escrevo a poesia que me aflora
nos momentos de sã e maior inspiração
 
Com espontaneidade, versos despacho
como este poema que me surge agora
em jeito de desabafo e como expiação

sábado, 29 de dezembro de 2012

Homónimos (inédito)

Sem saber bem para onde vão
de uma certeza eu não me livro
os poemas não escrevo em vão
antes junto-os e faço um livro

Sem conhecer bem o que são
versos surgem, nem sei como
escrita lunática em corpo são
genética ou fruto do que como

Enquanto a vontade ainda dura
e expresso o que tenho sentido
jamais a colocarei a um canto

Teimosia existe nesta cabeça dura
e o caminho é de um só sentido
por isso meus versos eu canto

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sina de poeta (inédito)


Não sei o que a poesia me dará no futuro
comigo não trago a minha bola de cristal
apenas espero que seja algo bem especial
a ela dei tudo o que possuía, estou seguro.
 
Desconheço que mais lhe posso dar, juro
se existe, não dei por descuido acidental
e se ela, zangada, me quizer desejar mal
que me puna co'o castigo mais vil e duro.
 
Se assim pretender que me negue versos
sem eles nada do que escrevo faz sentido
e nenhuma outra punição fará mais mossa.
 
Co'as palavras descobri outros universos
na constelação poética me tenho mantido
acontece com todos os poetas, sina nossa.
 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sorte madrasta (inédito)


De mil versos faço a construção
da Obra que deixarei em legado
em verso livre ou mesmo rimado
sem estilo, lirismo nem erudição.

O que escrevi como inspiração
foi feito sem jeito nem cuidado
vis motes de um pobre coitado
que viu luz na própria escuridão.

Fiz poesia com esmero e atitude
e o estro que por mim s'arrasta
é bastardo da desditosa Virtude.
 
E se a Fortuna de mim se afasta
é por ter certeza qu'esta m'ilude
enteado sou, da Sorte madrasta.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Vida (inédito)


 
Se a vida não o é sem existir amor
ao qu'até agora vivi não chamo vida
por do sentimento ter andado fugida
e negar sentir-lhe o gosto e o sabor.
 
Se viver é pouco mais que ser um sofredor
e da paixão jamais sofrer arremetida
nem conhecer aquela que foi prometida
então vida nada mais é que constante dor.
 
Se nada mais resta na vida senão sofrer
e as dores sentidas forem a minha sina
qu'as lágrimas vertidas sejam o meu fado.
 
O que o destino tem para m'oferecer
suportarei em cada rua, viela, esquina
até que a vida por mim tenha passado.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Única certeza (inédito)

Quis a vida que tudo tivesse um fim
a tal desejo não se impõe vontade
apesar da tristeza e da saudade
o destino ditou, afastou-te de mim.
 
Se nas estrelas estava escrito assim
e trocam o amor por afinidade
resta a lembrança, preciosidade
dessa tua pele suave como cetim.
 
Se para nós foi este o desenlace
e nada mais nos sobra que memória
aceito a sentença e não reclamo.
 
Eu sei que por muitos planos que se trace
não depende de nós a nossa história
a única certeza é que te amo!