Agostinho da Silva sempre demonstrou aversão ao epíteto “mestre”, preferindo identificar-se como eterno aprendiz, e queria ser poema em vez de poeta.
Estas duas ideias, tão simples e entendíveis, servem, como contraponto perfeito, para entender a falta de altruísmo que grassa na sociedade actual.
Hoje, em diferentes círculos de autores (que podem sê-lo ou não), é comum – para não dizer norma – a autodenominação de epítetos, sem que a embalagem corresponda ao produto.
Hoje, ao contrário do que acontecia no tempo do “poema” Agostinho, nascem “poetas” a rodos, a cada conversa, a cada sarau, a cada tertúlia, numa clara expressão de individualismo e idolatria exacerbados.
Mais curioso é que os actuais “mestres” – porque assim se consideram – são avessos ao ensino, apesar da alegada extrema sabedoria e conhecimento que possuem.
Perdemos o “poema altruísta”, proliferam os “poetas egocêntricos”.
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