Com o acúmulo de dias pardacentos, que não me transportam a lugar algum, vou-me vestindo de silêncios e indiferença.
Olho em redor e apenas vislumbro números circenses banhados de vulgaridade e executados por carrancas enfadonhas, como se a originalidade moderna fosse uma repetição contínua de carnavais passados, contudo, a preto e branco.
Esta matização básica, insonsa de significado ou propósito, inflige-me dotes de frivolidade e frieza, como se todo o meu ser físico fosse constituído por blocos de gelo oxigenado pelas insignificantes aragens polares.
Mas desenganem-se aqueles que veem nesta insensibilidade austera um temperamento acomodado e cego. A mudez, além de boa conselheira, permite observar a transparência de todas as matizes e intenções.
Silêncio não é sinónimo de apatia, inércia, passividade ou alheamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário