domingo, 27 de novembro de 2011

Nosso Fado (inédito)

Numa sala cheia de fumo e gente
quando o silêncio a nós se agarra
ouve-se o trinar de uma guitarra
ouve-se a voz do fado comovente.

Numa cadência certa e imponente
o fadista clama poesia com garra
a viola acompanha-o nesta farra
fado! Qual dos dois mais o sente?

Cantiga boémia, bem portuguesa
bandeira de uma nação tamanha
pátria da melancolia, da saudade.

Cantiga triste mas cheia de beleza
voz dum povo que a vida amanha
nosso fado, filho da portugalidade.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

caminhos cruzados c/ mafalda ferreira

Na indefinição de um caminho
segue a luz da estrada
o lado mais escuro guarda medos
e sombras revelam segredos.

Tens um momento de vida
horas que se apagam
versos rasgados
e poemas sem rasto.
Resta um só caminho
e um coração gasto.

Tempo também é gente
caminha calado
e queima retratos
segue caminhos trocados
em tentativas de traçar rumos errados.

Quantos destinos são incertos
a quantos damos razão
e em passos que não demos
escolhemos a solução.

Minutos são eternidade
segundos rasuras do tempo
que foge e confunde
uma consciência inocente.
Falta de noção da realidade
ou sonhos que dão em nada?

O tempo apunhala e fere
passados sem glória
dando vida a mágoas vãs.
Derrotas são memórias
que a lembrança guarda como vitórias.

IN - LICENÇA POÉTICA - EMANUEL LOMELINO - LUA DE MARFIM

sábado, 15 de outubro de 2011

Licença poética - convite

Após praticamente um ano de grande dedicação e trabalho, eis a razão maior da minha quase ausência total dos blogues. A todos os amigos e amigas, aqui fica o convite para o lançamento do meu terceiro livro:

O autor EMANUEL LOMELINO e a editora LUA DE MARFIM, têm o grato prazer de convidar para a sessão de lançamento do livro LICENÇA POÉTICA [duetos lomelinos]
O evento terá lugar no próximo dia 22 de Outubro às 19 horas no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa.
Obra e autor serão apresentados por José Luis Outono
Este evento contará com a actuação da banda Smente
A entrada é gratuita.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Patrícia Miranda

O rosto sereno e um sorriso no olhar
são simples detalhes de puro encanto
e que revelados não causarão espanto
a todos quantos te souberem admirar

O brilho dos teus olhos é um canto
que o mundo em alegria há-de escutar
na memória dos homens vai perdurar
e de contentamento será nosso pranto

A tua marca sentir-se-á sendo preciso
a nossa felicidade está no teu acreditar
conheceremos bem toda a tua perícia

Quando a doce melodia do teu sorriso
nos corações do mundo se aconchegar
saberemos quem és tu... amiga Patrícia

Este poema é dedicado à minha amiga Patrícia Miranda, cujo sorriso contagiante me fez chamá-la ANJO SORRIDENTE

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Euforia

Finalmente chegou o grande dia
já de véspera lhe tinham avisado
as letras que o mestre ensinaria
fariam dele um homem letrado

Rosto muito sério, compenetrado
uma ânsia de tudo vir a aprender
atenção redobrada, concentrado
para mais tarde não se esquecer

Lá em casa expressa o seu saber
diz que as letras são pura magia
exibe a sua desenvoltura ao ler
e orgulha-se de tanta sabedoria

E que grande sorriso dele irradia
cantando o A B C como um hino
diz o alfabeto com muita alegria
como está eufórico este menino

Este é um dos cinco poemas da minha participação na antologia POR UM SORRISO cujas vendas revertem a favor da instituição de solidariedade social AJUDA DE BERÇO.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vontade (inédito)

Ai que vontade!
De te sussurrar montes e vales
numa promessa de tempo
deitados num mar de golfinhos.
Ai que vontade!
De te falar das minhas fases da lua
e ouvir os teus cantos de céu
nas vozes trémulas dos anjos.
Ai que vontade!
De perder toda a consciência
no leito macio de um bosque
e aí depositar um beijo quente.
Ai que vontade!
De me fundir em ti num abraço eterno.
Percorrer as estradas do teu corpo
como um vagabundo sem mapa.
Ai que vontade!
De deitar a cabeça na fonte do teu ventre
deixar-me afogar na tua seiva
e respirar a vida pela primeira vez.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Toque (inédito)

Nas sombras do recato
deste-me a tua mão
despida de adornos.
Entrelaçámos os dedos
e na macieza do meu toque
senti o contacto da tua pele
que é minha.
No sabor dos teus lábios
encontrei os postigos dos meus olhos
e cego de sentidos
vislumbrei o teu corpo nu.
Na sonoridade do teu desejo
descobri a dor prazerosa
de te possuir inteira
sem te ter.
Mas certo da redenção
no azul das tuas curvas
ressuscitarei.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Belo anjo (inédito)

Quando, em vias de perder a esperança
um anjo, vindo do céu, caiu a meus pés
lançou-me um feitiço, um olhar de viés
penetrou-me com sageza e perseverança

deixou cravada no meu peito a sua lança
e encharcou-me com água de mil marés
logo meu coração ganhou força de dez
e se encantou pelo seu jeito de criança

eu sei, belo anjo, qual a tua motivação
sei também que fazes tudo sem alarde
e sou o alvo desse teu afecto e fervor

se bem conheço o meu pobre coração
garanto que mais cedo ou mais tarde
por ti, belo anjo, se inundará de amor


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Despedida (inédito)

É horrível o que tenho para te dizer
sei que dizê-lo eu já deveria ter feito
perdoa-me não encontro melhor jeito
nem forma mais suave de o fazer

a tua imagem continua a esvaecer
nada mais és que, do amor, conceito
perdão peço por não ser perfeito
e agora de ti me estar a esquecer

mas a vida, traiçoeira, assim quis
que encontrasse o que procurava
após longos anos de vil solidão

vou aproveitar para ser muito feliz
finalmente tenho o que me faltava
uma mulher que me deu seu coração

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

VIDA (inédito)

Tantos poemas já escrevi sobre a vida
e muitos mais ainda tenho de escrever
porque dela há sempre algo a aprender
e apenas assim vale a pena ser vivida

Palavras de carinho e de fúria contida
tanto choro, tanta alegria, tanto sofrer
tanta questão que fica por responder
somente uma ou outra foi respondida

Por mais que pense que tudo foi dito
logo aparece algo que me diz que não
e a dúvida persiste e assim continua

É um tema inesgotável, agora acredito
a vida está em permanente evolução
e o mistério, a própria vida perpetua


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A viagem (inedito)

Aqui fala o piloto, vosso comandante
vamos dar início a mais uma viagem
apertem os cintos para a descolagem
preparem-se para um voo alucinante

Dou-vos um pequeno aviso importante
não está prevista qualquer paragem
só no regresso faremos a ancoragem
garanto-vos um passeio interessante

São várias as saídas de emergência
só as usaremos por falta de sorte
por agora vamos mantê-las seladas

Por nosso bom costume e decência
eu serei vosso titulo de transporte
minhas costas já foram obliteradas



sábado, 2 de julho de 2011

Menino grande

Pé no chão duro, pé na lama
menino grande não reclama
e assim vai direito à escola
sem sapatinho ou sapatilha
muito quilómetro palmilha
com os livros numa sacola

Menino grande é só menino
alto p'rá idade o pequenino
já conhece a dura realidade
só sabe caminhar descalço
evitando dar passo em falso
menino adulto para a idade

Menino grande é só criança
é pobre mas tem esperança
que tudo ainda vai melhorar
acredita que chegará o dia
em que conhecerá a alegria
de ter sapatos para o calçar

Um dos cinco poemas da minha participação na antologia POR UM SORRISO, cujas receitas da venda revertem para a instituição social AJUDA DE BERÇO.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Familia feliz

Se as provas fossem necessárias
Aqui estou eu para vos mostrar
No meu despretencioso versejar
Algumas pessoas extraordinárias

Por nada em troca são solidárias
Basta um sorriso para as alegrar
E deram tudo o que podiam dar
Pessoas reais em todas as áreas

Por existirem o mundo enriquece
Por serem como são, rico eu sou
E na riqueza da amizade sou fiel

Quem tem memória não esquece
A familia que tão bem me tratou
Jorge, Carmen, Ricardo e Samuel

Beijos e abraços lusos para os Alpes

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Brincadeiras

Sob um céu azul de encanto
entre palhaçada e brincadeira
voam os sonhos dos meninos.

Mágicos feitiços e espanto
entre correrias sem canseira
fazem-se gente, os pequeninos.

Com pós de prlim pim pim
e fértil imaginação infantil
há amigos de faz-de-conta.

Um unicórnio branco-marfim
corre em vastos prados de anil
e é o herói-petiz que o monta.

Elas Princesas e eles Reis
num reino realmente fugaz
governam a infância a sorrir.

Cavalgam em nobres corcéis
todo o dia, sem perder gás
desde manhã até à hora de dormir.

IN - POR UM SORRISO (ANTOLOGIA) - TEMAS ORIGINAIS

Este é um dos cinco poemas que fiz para esta antologia cujas vendas revertem para a AJUDA DE BERÇO, uma instituição que trata de crianças desfavorecidas.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Calo-me

Pela boca é que morre o peixe
e aos poucos eu vou morrendo
pelas palavras que vou dizendo
sem que a minha boca se feche

Sou impulsivo, tenho meus dias
nem sempre sei ser ponderado
nunca soube como ficar calado
por falar assim quebro magias

Cala-te boca que és imprudente
apenas falas para dizer asneiras
eu sou quem mais fica a perder

Abre-te ó boca, apenas e somente
não para dizer essas baboseiras
mas só coisas que mereço dizer

in... APRENDIZ DE POETA - EMANUEL LOMELINO - TEMAS ORIGINAIS

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Descarrilamento

Estou neste comboio desgovernado
Não existem estações ou apeadeiros
O meu troço parece ter terminado
Por falta de mão de obra, pioneiros

Enfrento nesta jornada vertiginosa
Os receios de uma vida de solidão
Não vislumbro via mais tortuosa
Para descarrilar este pobre coração

Tento parar esta marcha frenética
Mas não encontro um único freio
Resta-me preparar para o embate

Não consigo distinguir a sinalética
Quero parar mas não encontro meio
Logo, logo, fico fora deste combate

in... - APRENDIZ DE POETA - EMANUEL LOMELINO - TEMAS ORIGINAIS

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vontades dos Deuses

Se os Deuses me permitissem a ousadia
Daria ao mundo um poema derradeiro
Encerrava nele toda a beleza da poesia
E a mensagem correria o mundo inteiro

Se os Deuses me deixassem ser poeta
Escreveria mil versos de eterna paixão
Comporia um longo adágio de profeta
Que o mundo declamaria como oração

Se os Deuses estivessem do meu lado
E soprassem os versos que mais amo
Os meus poemas seriam o meu legado

Se os Deuses preferissem um aprendiz
De mim sairiam os poemas que clamo
E o mundo só poderia mesmo ser feliz

in... APRENDIZ DE POETA - EMANUEL LOMELINO - TEMAS ORIGINAIS

Depois de uma longa ausência, eis-me regressado ao convivio dos maiores.