As minhas palavras de Fado
gostam de cantar continentes
e dançar carnavais de funaná.
As minhas palavras de bacalhau
têm fome de cachupa e funje
e sede de água de côco.
As minhas palavras de Tejo
navegam pelo Amazonas
e banham-se no Zambeze.
Quem as quiser encontrar
tem de ter na mão um planisfério
e descobrir onde fica Lusofonia
Digo alguns versos de samba
às ruas de Trás-os-Montes
com os Pauliteiros de Miranda.
Digo alguns versos de feijoada
com um tanto de óleo de palma
e uma garrafa de vinho do Dão.
Digo versos de pedra da Mina
que ecoam na Montanha do Pico
e são ouvidos no alto do Binga.
E quem os quiser escutar
tem que sucumbir aos mistérios
e às belezas da Língua Portuguesa.