segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ANTÓNIO RAMOS ROSA

As palavras também têm infância
nascem e crescem e inventam-se
ganhando corpo numa frase
e alma nas estrofes do poema.
As palavras jovens não temem o mundo
nem receiam a vida por serem imortais.
Adultas, são sérias e dignas
e juntam-se aos seus pares
em livros que pretendem ser memória.
Por mais que custe ao poeta
todas as palavras mesmo rasuradas
sobreviverão ao seu parteiro
e atravessarão a eternidade.
As palavras não são naturezas mortas
nem mesmo quando queimadas.


Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013

Neste dia triste para o universo das letras portuguesas, quero deixar a minha solidariedade e sentidas condolências aos familiares e amigos do grande poeta que hoje nos deixou. Até sempre mestre!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ONDJAKI

Estou aqui a tentar escrever um poema
para dedicar ao poeta angolano Ondjaki
mas não me ocorre nada interessante.
Dou voltas e voltas à procura de tema
de estilo, de versos, de palavras e nada.
Penso que o poema não nasce hoje
a não ser que me surja uma boa ideia.
Alguém me disse que é nos livros maus
que encontra ideias para a sua poesia.
Lembro-me de algo que li num livro mau
que talvez venha a ser uma boa ideia
embora me pareça demasiado absurda.
Enquanto trabalho nessa ideia sem nexo
aproveito e lanço um desafio ao Ondjaki:
Poeta! Que tal lomelinizares um poema teu
como eu tenho tentado ondjakizar um meu?


Este poema foi extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

JOÃO MELO


A minha poesia é bem portuguesa
e escrevo em todos os sotaques
inclusive os de outros continentes.
Os versos que crio como fado
têm ritmo de samba e kuduro
e dançam embalados numa morna.
Alimentam-se de funje aos Sábados
e de bacalhau aos Domingos.
A lusofonia dos meus poemas
não tem fronteiras, é universal.

Este poema foi extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013


terça-feira, 3 de setembro de 2013

VITOR CINTRA

Catorze versos métricos tem o soneto
s’assim não for será apenas imperfeito
mas há aquele que lhe apanha o jeito
sendo, poeta e poema, um belo dueto

Com sílabas contadas faz-se a poesia
num estilo que requer mais dedicação
entregando-se à escrita com devoção
será nos sonetos que revelará mestria

E se o saber for grande, melhor ainda
muitos serão os versos com história
que a pena do poeta não faça pausa

Que jamais se dê a sua arte por finda
os Deuses lhe outorguem toda a glória
e os homens, o título Honoris Causa 

Poema retirado do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013