Dizem que estamos a viver na era da comunicação. Não posso, em rigor de consciência, concordar em absoluto porque só vejo verdade nessa afirmação se a colocar no contexto tecnológico. Em tudo o resto não tem aplicação e revela-se falsa.
Que era da comunicação é esta em que as pessoas vivem isoladas nos seus micromundos. No trabalho, nos cafés e restaurantes, nos bancos de jardim, nos prédios, até nas próprias casas, é cada um para seu lado com os olhos pregados nas redes sociais e sem contacto algum com a realidade da vida.
Tal como identifica José Flórido, num texto sobre Agostinho da Silva, esta falta de comunicação é a origem dos graves problemas psicológicos dos nossos tempos e urge concentrar esforços – de forma colectiva – para fazer ressurgir hábitos de vida conversável – colocar as pessoas a falarem com pessoas, cara a cara, olhos nos olhos.
Mas para combater a incomunicabilidade temos de nos desfazer dos “saberes parciais” e das referências comuns” sob pena de reduzirmos o conhecimento ao banal (futebol, condições climatéricas e vida privada das figuras públicas). A vida conversável é bem mais ampla e saudável, para além de ajudar no entendimento dos outros e de nós próprios.
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