tag:blogger.com,1999:blog-14117682067199735472024-03-18T22:00:31.436+00:00AMADOR DO VERSO Sou um ser observado, eis-me como sou - o meu lado poéticoManuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.comBlogger709125tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-14808422369117674522024-03-18T22:00:00.014+00:002024-03-18T22:00:00.143+00:00Diário do absurdo e aleatório 106 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5nlFcpzIcYu8IzyNDFfBaz40o0gv3I8jWkMBUZbWzOCTSZfGT1fPnE6LkXL6AJw5fdC_9l7sqfXjeWKufabNQyhEGXbGU2yoYkJJ_69G98ljuLd9QxClLyMxnS9XXDOCYAZQqB6GIuhjqofTbwmZCcezS7bu7456jKDMK0iTB262lWiUbKzzYqjD_QBTM/s612/c%C3%A9rebro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="411" data-original-width="612" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5nlFcpzIcYu8IzyNDFfBaz40o0gv3I8jWkMBUZbWzOCTSZfGT1fPnE6LkXL6AJw5fdC_9l7sqfXjeWKufabNQyhEGXbGU2yoYkJJ_69G98ljuLd9QxClLyMxnS9XXDOCYAZQqB6GIuhjqofTbwmZCcezS7bu7456jKDMK0iTB262lWiUbKzzYqjD_QBTM/w299-h201/c%C3%A9rebro.jpg" width="299" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/c%C3%A9rebro-exerc%C3%ADcio-f%C3%ADsico-gm455587433-17137936">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quem
me lê sabe que faço muitos exercícios de escrita. Através deles consigo
aperfeiçoar a minha técnica, por vezes deficitária.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Invento
desafios para descobrir a melhor abordagem para cada tema. Também uso estes
artifícios como forma de testar o vocabulário. Não existe nada mais nefasto
numa frase que palavras repetidas. E o mesmo pode ser aplicado a um texto
curto. Por essa razão é importante estudar as diversas opções disponíveis. Às
vezes aplicar um bom sinónimo pode enriquecer uma ideia. E quem diz sinónimos
pode dizer antónimos, adjectivos, substantivos, advérbios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sei,
por experiência própria, que exercitar a escrita é útil. Quem o faz ganha
fluidez de discurso e espontaneidade criativa. Com o treino, o cérebro reage
com rapidez e prontidão. Como diz o velho adágio: a prática faz o mestre.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
sou de aconselhar, mas posso partilhar a minha experiência. E como sempre, uso
este exercício para comprovar a teoria.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Decidi
escrever sobre esta temática da forma mais ligeira possível. Creio que consegui
emprestar coerência e ritmo a este texto. As frases são curtas, mas de
entendimento fácil e escorreito. Foram criadas e desenvolvidas para surpreender
cada um dos leitores. Pelo menos aqueles com disposição para analisar todas as
frases. É que, todas elas, foram construídas, propositadamente, com dez
palavras.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-2093546487072738192024-03-18T20:00:00.014+00:002024-03-18T20:00:00.245+00:00Diário do absurdo e aleatório 105 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXbfV54EZnjt9WZkUvP5Z-xNfs-wRjc-bO7PvOZe0n5OS8i9dWgh04QiD5gLwcOQWwxA4-YwMT9yVbkH0B0PfMRDlmbrMhJUjQbXn15soJswjALVt7O012_EegaMH_XfyIS62qMLZL0h6mdQhxKw0PLhM4lTLs49p5l92qfDDsmx-l4D8O-RKh-e5Hm13d/s612/livre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="384" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXbfV54EZnjt9WZkUvP5Z-xNfs-wRjc-bO7PvOZe0n5OS8i9dWgh04QiD5gLwcOQWwxA4-YwMT9yVbkH0B0PfMRDlmbrMhJUjQbXn15soJswjALVt7O012_EegaMH_XfyIS62qMLZL0h6mdQhxKw0PLhM4lTLs49p5l92qfDDsmx-l4D8O-RKh-e5Hm13d/w145-h231/livre.jpg" width="145" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/pensador-pensamento-sentado-sobre-livros-gm455877581-31019312">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Mais do que direito adquirido,
escrever é um dever que poucos assumem. Uns por preguiça, outros por
ignorância. A maioria recusa a responsabilidade, a minoria acredita que a
escrita deve cingir-se aos pensadores, filósofos, doutrinados e eruditos. Boa
parte escreve apenas porque sim, a outra parte, espartilhada entre crenças e
rivalidades, contesta tudo o que se escreve, qual oposição sem programa
alternativo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Escrever é a liberdade do pensamento,
mas alguns “seres iluminados” advogam que a escrita só o é se for feita de
acordo com os novos cânones e, por consequência, com a negação dos anteriores.
Exigem que se eliminem todos os conceitos, regras e definições do passado, que
acreditam ser agrilhoadores da criatividade, e impõem a permissividade restrita
dos seus valores literários. Estes sábios da contemporaneidade, quais profetas
da verdade absoluta, pensam a escrita de acordo com as fraquezas das suas próprias
limitações. Estes censores da modernice, quais escravos das tendências anti
autoridade, querem que a escrita se resuma à incoerência das suas crendices
anti regras.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Aos arautos dos paradigmas elitistas,
eu digo: Mentis! A arte é democrática! Não tem cor, sexo, idade, cultura,
religião, política padrão, nem corrente estética ou estilística.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Aos negacionistas do legado que todos
carregamos, eu digo: Mentis! A arte de hoje só existe, como é e se molda,
porque o passado é o somatório de todas as correntes que nos conduziram até
aqui.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Aos génios do desgoverno, eu digo:
Mentis! A arte sempre terá regras, mesmo que não sigamos as normas clássicas ou
doutrinas pré-existentes, porque até o vosso anarquismo é, por si só, uma regra
que vos exige serem contra todas as outras regras.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-46420882479375602252024-03-18T17:00:00.013+00:002024-03-18T17:00:00.246+00:00Diário do absurdo e aleatório 104 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhib0DEAwYjbypqGT6MxntDrmrW8HDwO0KJ6PsxsjTifySE5qDvGzCoGEm3vjT9fmP7Ts5aSKKD5bw7DMYpZOjTP4t7skLg7ct7So_06fzxHLWhuboRz4uue7ES0XNMjRD4Dp0ptBKZyl-kir9bIW4GgTaGeys2XTuEqFOloSWbg4BlmeuqF_Srh4aY95Eg/s612/equa%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="382" data-original-width="612" height="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhib0DEAwYjbypqGT6MxntDrmrW8HDwO0KJ6PsxsjTifySE5qDvGzCoGEm3vjT9fmP7Ts5aSKKD5bw7DMYpZOjTP4t7skLg7ct7So_06fzxHLWhuboRz4uue7ES0XNMjRD4Dp0ptBKZyl-kir9bIW4GgTaGeys2XTuEqFOloSWbg4BlmeuqF_Srh4aY95Eg/w282-h177/equa%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="282" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=%C3%A1lgebra">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No
outro dia ouvi alguém dizer que a matemática não é uma ciência, mas sim uma
ferramenta ao serviço de várias ciências. Pensei no assunto e consegui ver a
lógica desse raciocínio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
problema é que não fiquei por essa simples reflexão e continuei a pensar nos
conceitos dogmáticos que esta disciplina encerra e cheguei a outra conclusão.
Ao contrário do que me ensinaram, a matemática é tudo menos exacta.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Vejamos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
sou um (número inteiro), no entanto, na maioria das vezes sou apenas fracções
de mim, raramente completo. Assim sendo, como posso ser, em simultâneo, um e
decimal de mim?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Atentando
mais fundo na questão, tendo sempre presente que sou um, como se explica,
matematicamente, aquilo que sou quando me divido (ou multiplico) ao longo de um
dia de trabalho? O mesmo poderia perguntar pelas vezes que me somo ou subtraio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ao
detectar estas incongruências, a confusão adensou-se porque fiquei a saber que
sou um zero nesta matéria. Mas como? Se zero não é número inteiro e, à partida,
sou um? Será que um pode ser todas essas coisas, inclusive algarismo aditivo ou
fracção? Pode o um ser um número nulo?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se
houver por aí um matemático de serviço, agradeço desde já que não me esclareça
estas dúvidas porque a febre já passou.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-5315960962034483602024-03-18T14:00:00.015+00:002024-03-18T14:00:00.148+00:00Diário do absurdo e aleatório 103 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKgUcdl_hTMxbzaXLu3X28zu4Ughlq39i0WRxdlfA0JIyRCYWcnMKlhyphenhyphenhbAcMVa-skVyU7nU_s7_MnqI72fvAEanITjI2IEQxtB6rT-hXEUtUZ9CCYspjW9NlFYREYtQaQR1i2JT7Rm7miVoYh_tpiXmGPZ5CZ_NtrttF_LvCERFglT6SfzNuKg8QW_LP5/s1089/Pontua%C3%A7%C3%A3o-em-Ingl%C3%AAs-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1089" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKgUcdl_hTMxbzaXLu3X28zu4Ughlq39i0WRxdlfA0JIyRCYWcnMKlhyphenhyphenhbAcMVa-skVyU7nU_s7_MnqI72fvAEanITjI2IEQxtB6rT-hXEUtUZ9CCYspjW9NlFYREYtQaQR1i2JT7Rm7miVoYh_tpiXmGPZ5CZ_NtrttF_LvCERFglT6SfzNuKg8QW_LP5/w301-h186/Pontua%C3%A7%C3%A3o-em-Ingl%C3%AAs-1.jpg" width="301" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://brasil.cambly.com/pontuacao-em-ingles-dicas-regras-e-curiosidades/">cambly</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
um aqueduto de frases por escrever entre as areias do Hudson e as praias
vicentinas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os
verbos correm ferventes desde as encostas do Corno dos Romanos até à mais
recôndita ilhota do Pacífico.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os
adjectivos viajam desde as grutas que nunca foram de Salomão até às cidades
perdidas na tropical Amazónia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Cada
substantivo percorre as planícies subsarianas rumo aos planaltos Tártaros.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Existem
estepes de versos inovadores, entre as tundras escandinavas e os pomares
nipónicos, com ânsia de nascerem virados para as águas santas do Ganges, mas
idolatrando as correntes de Yangtzé. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
complementos empalados nas calotas polares, em ambos os hemisférios, só a
aguardar o degelo para irem em busca de <i>Everestes</i> sujeitos e predicados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Existem
virgulas a bolinar ventos alísios (algumas de pontos às costas), com o mesmo
ímpeto que as reticências cavalgam as dunas do Saara, em busca de dois pontos,
parágrafos e travessões.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As
ondas do Índico são tiles disfarçados, por não quererem ser vistos na companhia
dos apreensivos circunflexos. Assim como os graves só querem ver os agudos
pelas costas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As
interrogações não são mais do que exclamações vergadas ao peso de múltiplas
dúvidas sugeridas pelas irrequietas marés lunares.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E
assim se juntam dois mundos numa chuva descritiva cheia de figuras de estilo e
com o epílogo esperado (ponto final).</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-13209227655636645982024-03-18T11:00:00.014+00:002024-03-18T11:00:00.264+00:00Diário do absurdo e aleatório 102 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPRUYVA2omAWkXEQF_GRUKcUH314mIzqgMv8kiQu-Q5DiavDaVNm8dvZ6r_VVRaRcudqlbZxpZVFp0D5OBTodJ9vmyJMEe02SpHfJpau30arqbXVeYqwCpnvyNt0bJPHCa5EFvBis5Z-PGerSNI4m_cc_ON4rqrDmdFjJYO9ja7xAAoxlURZg__NRDV3Hy/s612/passadeir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="612" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPRUYVA2omAWkXEQF_GRUKcUH314mIzqgMv8kiQu-Q5DiavDaVNm8dvZ6r_VVRaRcudqlbZxpZVFp0D5OBTodJ9vmyJMEe02SpHfJpau30arqbXVeYqwCpnvyNt0bJPHCa5EFvBis5Z-PGerSNI4m_cc_ON4rqrDmdFjJYO9ja7xAAoxlURZg__NRDV3Hy/w239-h239/passadeir.jpg" width="239" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/passadeira-vermelha-%C3%A0-noite-gm517087724-89317011">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
augusta Casa dos Altivos Artífices do Sétimo Saber Consagrado convoca todos os
órgãos de informação competentes para a Gala Anual dos Credenciados Anónimos
Voluntários que irá realizar-se em espaço, dia e hora e designar, na esperança
de conseguir, em tempo útil, recolher a verba necessária para liquidar os
valores propostos, em caderno de encargos, para aquisição de dois contentores
de fogo de artifício, duzentos metros de passadeira vermelha, quinhentos
cadeirões manuelinos, três mil velas de sebo envelhecido em casta milenar e um
vaso de flores sazonais, com dimensão ainda por determinar.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Com
o referido certame, pretende-se celebrar as alcoviteiras do Jardim Constantino,
os cangalheiros da praia de Carcavelos, as divas de São Sebastião, os ciciosos
de Mata-Cães e as jovens promessas do núcleo de perfumistas azeiteiros da
Abóbada Celeste.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
todos os participantes serão entregues certificados de presença e mérito, além
de coroas de louro, personalizadas, e um porta-chaves alusivo à efeméride.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se
sobrar dinheiro, contamos requisitar os serviços dos gaiteiros de Milfontes
que, caso aceitem, brindarão todos os presentes com uma sinfonia de acordes à
moda de Viena ou, em alternativa, um fandango albicastrense.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
todos os convidados será solicitado traje de gala, que pode ser adquirido nas
nossas instalações até dois dias antes do evento. O uso de chapéu é facultativo
e os sapatos não podem ser rasos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Este
será o primeiro de muitos encontros previstos. A seu tempo honraremos os
percursos dos gagos assobiadores de andaime, as costureiras de corta casaca à
tesourada e os arquivistas de manuscritos da Biblioteca que vai ser construída
nos antigos terrenos da Feira Popular.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Informamos
que o acesso pode ser feito através de qualquer meio de transporte, com
excepção dos aéreos porque é muito difícil encontrar um espaço com heliporto.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-70064371346012359232024-03-18T08:00:00.014+00:002024-03-18T08:00:00.337+00:00Diário do absurdo e aleatório 101 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOR5W2z9XS-W5lyQJui9oiTcMV9Uk-Tq7Sj3Q8ZdHM3oDe6coVpKHtbDlLw6ErY1L1EYE9t7ZP3N54d_SKQg9i97voDH-4MBCzg2xxj9iWRYFnptJQRatx_x90L0XnWmI0sgHiLI5ND7EKDOPxt0ZC6Xcxhl5LmN5GRTvmxbxlDxdy8Cb96V0zhiRwRA1W/s612/com%C3%ADcio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="344" data-original-width="612" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOR5W2z9XS-W5lyQJui9oiTcMV9Uk-Tq7Sj3Q8ZdHM3oDe6coVpKHtbDlLw6ErY1L1EYE9t7ZP3N54d_SKQg9i97voDH-4MBCzg2xxj9iWRYFnptJQRatx_x90L0XnWmI0sgHiLI5ND7EKDOPxt0ZC6Xcxhl5LmN5GRTvmxbxlDxdy8Cb96V0zhiRwRA1W/s320/com%C3%ADcio.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=com%C3%ADcio+pol%C3%ADtico+ilustra%C3%A7%C3%B5es">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
quem acredite no altruísmo das palavras, mas só um incauto pode perspectivar
bondade numa conjugação verbal que impõe em vez de sugerir ou, quanto muito,
ordena no lugar de colocar à consideração.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Até
as pedras, sejam de calcário ou basalto, conseguem transmitir mais leveza do
que os discursos militarizados, mesmo ao som de polcas e corridinhos, feitos à
medida dos substitutos dos tubos catódicos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Deixou
de existir temperança e vergonha nas faces artificialmente bronzeadas porque o
Zé do Manguito continua a preferir sopas e descanso em vez que tirar os
suspensórios e mostrar o Judas arranhado.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Havendo
música, couratos assados e uma reles esferográfica timbrada, aparecem logo
magotes de desocupados intelectuais predispostos a agitarem bandeiras e
bandeirolas ao vento carvoeiro, enquanto os copos não secam a cevada quente.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
despertar vem depois, quando os mesmos fidalgos movidos a rancho folclórico,
descobrem que, afinal, a caridade é um caça-níqueis faminto e sem escrúpulos, e
resolvem lançar outras bandeiras ao vento, soltar verbos pedintes e arrastar as
carcaças pálidas no meio da urbe de cintos apertados, como fossem todos
sócios-fundadores da liga dos revoltados surpreendidos, mas sem cotas pagas e
com o tempo caducado.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-43069588418001344582024-03-17T22:00:00.013+00:002024-03-17T22:00:00.252+00:00Diário do absurdo e aleatório 100 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8GOz09hbGbn8VghlTF3EKg2_EFhKfwxcPGFpdQugaACQP9SYW2t9BsRX13kNBc9kGpbcidbsN0xskM5Hs-QMP-7wuJ7H_40koHq5Px-fKvO1tDtTGgZcQaJ8X_lE3dA65pd2JEaD4JjThUV9szXrvJlDcy0hHK_9qvj4ZqcEfwVGFViMKtIrbuNDMXGcD/s612/ferro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="408" data-original-width="612" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8GOz09hbGbn8VghlTF3EKg2_EFhKfwxcPGFpdQugaACQP9SYW2t9BsRX13kNBc9kGpbcidbsN0xskM5Hs-QMP-7wuJ7H_40koHq5Px-fKvO1tDtTGgZcQaJ8X_lE3dA65pd2JEaD4JjThUV9szXrvJlDcy0hHK_9qvj4ZqcEfwVGFViMKtIrbuNDMXGcD/w291-h194/ferro.jpg" width="291" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=enferrujado">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
existe melhor forma de exercer a individualidade plena, sem cair no descrédito
de confundir o seu significado, do que a arte de pensar, e desta premissa
nasceram todas as preciosas definições de liberdade, mas também alguns enganos
– porque nem todos os filhos do pensamento são sensatos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
aqueles que renegam, mais de três vezes, a equidade e preferem as pirâmides
(mesmo invertidas) em detrimento de linhas rectas (mesmo paralelas).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Esses
podem ser identificados pelo som elevado das suas vozes argumentativas, pois, acreditam
na imposição e nos dogmas, e desconhecem o que significa pluralidade e
livre-arbítrio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois
temos os que desconhecem que os pensamentos podem ser como o ferro forjado e
que, quando nas mãos de um bom artesão, podem transformar-se em autênticas
preciosidades, mas, quando molhados pela ignorância ou preguiça, também
enferrujam. E um pensamento enferrujado, por mais forte que pareça, facilmente
é quebrado.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-44223543683323292812024-03-17T20:00:00.015+00:002024-03-17T20:00:00.133+00:00Diário do absurdo e aleatório 99 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTaH-_cdtIL9slhGAGduy-j9XneuVZvsUHi04RdjB9E3Fpg0k4eBQ_4ZMp9NL9_Fnw2CW6ye38TeEF1BkrplVxIhObzY91n-CkPf_MaaH0YxwuG9QHSh_sH7Vyb5yVWiIAOeb-7ceDFSm3CfcicY2uMGP6t56v4pvDo0qw16d-FARTS-DalyO3h0Tw2mt/s487/abutres.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="353" data-original-width="487" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTaH-_cdtIL9slhGAGduy-j9XneuVZvsUHi04RdjB9E3Fpg0k4eBQ_4ZMp9NL9_Fnw2CW6ye38TeEF1BkrplVxIhObzY91n-CkPf_MaaH0YxwuG9QHSh_sH7Vyb5yVWiIAOeb-7ceDFSm3CfcicY2uMGP6t56v4pvDo0qw16d-FARTS-DalyO3h0Tw2mt/w246-h178/abutres.jpg" width="246" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/foto/grupo-de-abutres-gm636446820-112912341">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
se pode ter horror da morte sem a experimentar. Não se deve ter pânico da morte
por desconhecimento. Sabendo da sua existência, e tendo a consciência
tranquila, não é lógico temê-la.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
se podem recear as mordidas dos necrófagos nem o triturar dos ossos pelas suas potentes
dentadas. Não se deve ter pavor do desmembramento que fazem, na hora de devorar
os corpos inertes e sem vida.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
sei nada sobre a morte, para além do seu carácter definitivo. Por isso não lhe tenho
medo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sei
que Lavoisier tinha razão quando disse: …<i>Na natureza nada se perde, tudo se
transforma</i>, por isso tampouco temo os necrófagos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aquilo
que me faz transpirar a espinha, arrepiar os ossos e descrer da justiça divina,
são os abutres. Esses têm o dom de cheirar, à distância, o sangue dos golpes
recentes e, sem esperarem a morte, estão sempre prontos para aproveitarem as
fragilidades e alimentarem-se das feridas ainda por cicatrizar.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-38578601578686542212024-03-17T17:00:00.012+00:002024-03-17T17:00:00.358+00:00Diário do absurdo e aleatório 98 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinarhRVeiLogFTEL3AWtNUg-uXOwvX58fN6ocNPlWxCDT09n6EyhybVdcDCQZ-kCDTo_w6-roYUADku37N8mR8_bxSERQbJbyuRffvqnoweOLvts6-OxaUfzUeBPjgiG1ea1-j9VX3pcXbnVakrL1YuSHVizcbEZC7yjLmqf1-pPFUv3ek5RCwpn3ZDEFV/s612/ovelha%20negra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="408" data-original-width="612" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinarhRVeiLogFTEL3AWtNUg-uXOwvX58fN6ocNPlWxCDT09n6EyhybVdcDCQZ-kCDTo_w6-roYUADku37N8mR8_bxSERQbJbyuRffvqnoweOLvts6-OxaUfzUeBPjgiG1ea1-j9VX3pcXbnVakrL1YuSHVizcbEZC7yjLmqf1-pPFUv3ek5RCwpn3ZDEFV/w271-h180/ovelha%20negra.jpg" width="271" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=ovelha+negra">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Apesar
de ser fiel, até ao tutano, às ideias que acredito serem certas, acho que nunca
me levei muito a sério.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As
máximas, que assumo como minhas, são apenas isso: minhas. Sigo-as por inteiro,
defendo-as do meu jeito, aplico-as a tudo o que faço e digo, sem as impor além
de mim.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
sei explicar de onde surgiu esta necessidade - quase obrigação - de reduzir ao
mínimo residual o valor daquilo que defendo, como fosse desinteressante e
apenas aplicável a mim.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Contudo,
apesar de ter as tonalidades do descrédito pessoal ou falta de autoestima, a
verdade é mais suave: é a minha forma de provar que não sou mais que ninguém.
Sou apenas eu, ponto.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Este
sempre me pareceu mais um dos muitos paradoxos que me definem, no entanto,
quanto mais tempo passa por mim mais me identifico com a perspectiva de estar
perante a veracidade do conceito.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Este
egoísmo declarado é a fonte do paradoxo: porque todos os outros levam-se tão a
sério que tentam impor as suas normas ao demais, enquanto eu, limito-me a
querer ser a ovelha negra do rebanho e apenas responsável por tudo o que advém
de mim.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-41307403326307833702024-03-17T14:00:00.014+00:002024-03-17T14:00:00.132+00:00Diário do absurdo e aleatório 97 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJesXSD6UvzW9qthuIl5FJU_llXgAolXaHL8mWdEgPBdDqC5-D2VLMowo0X6jSVTKqlOyj5Fc9cthi-Rv6E5Qomw3YUGkAfi1IH3nrPzXxQPp5NfR4Ccj_TymPr-HPdUcJv_m4S1w8VWLQRPMMwjK-gBqtuFUbNHF_Ih9zsQo1_J4yWM9cmwQyj7XoDp4T/s612/rasurado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="408" data-original-width="612" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJesXSD6UvzW9qthuIl5FJU_llXgAolXaHL8mWdEgPBdDqC5-D2VLMowo0X6jSVTKqlOyj5Fc9cthi-Rv6E5Qomw3YUGkAfi1IH3nrPzXxQPp5NfR4Ccj_TymPr-HPdUcJv_m4S1w8VWLQRPMMwjK-gBqtuFUbNHF_Ih9zsQo1_J4yWM9cmwQyj7XoDp4T/w293-h195/rasurado.jpg" width="293" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/es/foto/un-l%C3%A1piz-amarillo-y-un-papel-amarillo-arrugado-con-rasurado-en-el-blanco-papel-de-gm908157848-250192441">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por
vezes, nos momentos de ócio, dou por mim a questionar a importância das palavras
que gravo, com força desmesurada, nas pobres folhas brancas que coloco diante
dos olhos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesses
instantes de lassidão e desinteresse, revejo tudo o que escrevi e deixo que a
dúvida se instale no mais recôndito espaço da mente, como quem recheia um
qualquer doce conventual.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As
perguntas sucedem-se, frenéticas, sem encadeamento lógico ou propósito
definido. Simplesmente materializam-se como quem nos visita de forma aleatória
e sem motivo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mesmo
podendo esclarecer a origem de cada texto, não consigo explicar a
impetuosidade, quase violenta, com que firmo cada letra no corpo de papel, como
irradiasse uma fúria incontrolável e desmedida.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
tenho sido capaz, talvez por falta de habilidade, de encontrar uma justificação
coerente para essa atitude desproporcional, nem sei se algum dia conseguirei.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quanto
à questão inicial, se houvesse um mínimo de valor naquilo que escrevo, jamais
teria discorrido sobre a forma exaltada como o faço.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Resta-me
continuar a fazer como até aqui e seguir o conselho do poeta W. D. Roscommon: <i>escreve
com fúria, mas corrige com fleuma.</i></span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-13386876691329546962024-03-17T11:00:00.013+00:002024-03-17T11:00:00.135+00:00Diário do absurdo e aleatório 96 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcCjMOzYQoFAAW_9IIz15Cl0E9zy2gnlWIlSfWXSz9CbW6OFtBaDguXhrO_xG3-2KXeZAbXmnTvhnRMX1C5ob6oMM7j-cQcY2r3VS-ciiFCDN4TiQCNY3nJGqE1kWGZeEz7wtJyJ7QJ1f3v0RMwLw0b8x1YZ92qsVPvQkv2ITu0Ej4wWo4YESjf5k9Em6I/s612/lava.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="408" data-original-width="612" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcCjMOzYQoFAAW_9IIz15Cl0E9zy2gnlWIlSfWXSz9CbW6OFtBaDguXhrO_xG3-2KXeZAbXmnTvhnRMX1C5ob6oMM7j-cQcY2r3VS-ciiFCDN4TiQCNY3nJGqE1kWGZeEz7wtJyJ7QJ1f3v0RMwLw0b8x1YZ92qsVPvQkv2ITu0Ej4wWo4YESjf5k9Em6I/w299-h199/lava.jpg" width="299" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=campo+de+lava">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na
ânsia de cumprir-se, o tempo urge e o destino esclarece-se, como inevitável é a
sequência dos dias.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas
os propósitos não são acasos porque a intuição existe e, mesmo na obscuridade
da sua essência, a vida é decisão particular.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
um oposto que se contrapõe a tudo e nada está imune às garras afiadas da
dúvida. E o todo é sempre parte ínfima de algo maior, indecifrável e
apoteótico.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Cada
sonho ou quimera tem um estágio de maturação e todas as raivas e desilusões são
encruzilhadas atentas aos passos hesitantes e empenhos descrentes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Para
cada glória correspondem mil enganos e outros tantos martírios. Para cada triunfo
coincidem incontáveis cinismos e traições, porque a vida é uma sucessão de
anéis de fogo intercalados por pequenos rios de esperança e conforto.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-4414198607762192482024-03-17T08:00:00.012+00:002024-03-17T08:00:00.135+00:00Diário do absurdo e aleatório 95 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRJFZ49ugTyloXWawxaiiI2d45aVrCxxmqJGXqaJJaHsFuUWinBowtaBuuQylo0nxFD9Lp9KAPcUv8byEZ7a-2O8jnmcx9laRiUM44TwrW0nV6n08wQgI6OgQO9sHsVJbxWiN3JLCYjiN-OIvAQWz8fbMRUYVxpoRhDfepNjGTO62edf6IQ7Yy1l5IpWTW/s612/pensamentos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="340" data-original-width="612" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRJFZ49ugTyloXWawxaiiI2d45aVrCxxmqJGXqaJJaHsFuUWinBowtaBuuQylo0nxFD9Lp9KAPcUv8byEZ7a-2O8jnmcx9laRiUM44TwrW0nV6n08wQgI6OgQO9sHsVJbxWiN3JLCYjiN-OIvAQWz8fbMRUYVxpoRhDfepNjGTO62edf6IQ7Yy1l5IpWTW/s320/pensamentos.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=pensamento">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na
leveza desta furtiva chuva de verão eclode uma paz misteriosa que abraça o
âmago, como quem soletra silêncio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os
pensamentos emergem decididos a transpor o portal da humildade, rumo ao sagrado
altar da sabedoria.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Espargem-se
na vastidão do conforto idílico e regam o crescimento uno, qual fenómeno da mãe
natureza em parto divino.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
um aflorar consciente e decisivo da razão, no ser que se omitia da sua origem
pensante.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nada
se esconde. Tudo se revela. Mesmo as ideias mais tímidas, envergonhadas e de
foro introvertido.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
arte fez-se e paira no ar como vapor de esperança, à espera de que os olhos se
abram e as mentes despertem.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas,
aos poucos, o mundo regressa à sua rotina louca e despropositada, ignorando a
beleza apaixonada do criador, como nunca tivesse existido a vontade de mudança.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-43747284179336212632024-03-16T22:00:00.013+00:002024-03-16T22:00:00.133+00:00Diário do absurdo e aleatório 94 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqizPS-v_RQrnkGFFszxX0460kPWgMjk4F_0AFK5WojK4i_5l5rlfqHyAvmqaAdq3qA921w9c2iev8jfqZun87YkobgmffxdnArTMEdeupxyVgk8qxLIevA_0sGBEil8Vh7YfMbASUd-flD8DQpqE3NHh3TLUPTaLpNQTUcqBsdZLYbgE241n3ea6HpPWI/s612/d%C3%BAvida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="612" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqizPS-v_RQrnkGFFszxX0460kPWgMjk4F_0AFK5WojK4i_5l5rlfqHyAvmqaAdq3qA921w9c2iev8jfqZun87YkobgmffxdnArTMEdeupxyVgk8qxLIevA_0sGBEil8Vh7YfMbASUd-flD8DQpqE3NHh3TLUPTaLpNQTUcqBsdZLYbgE241n3ea6HpPWI/w248-h248/d%C3%BAvida.jpg" width="248" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/br/vetor/personagens-atenciosos-com-pontos-de-interroga%C3%A7%C3%A3o-resolvendo-problemas-ou-buscando-gm1257396655-368483315">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
verdade dói quando escutada. Causa-nos dano pelo impacto do momento, talvez
despreparo nosso, mas é uma dor fugaz e momentânea, que dificilmente deixa
marcas permanentes porque, com o tempo e pelo seu carácter irreversível, ela
consegue ser o elemento-chave para alcançarmos a paz de espírito necessária
para prosseguirmos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Já
a mentira mata pela sua perversidade intemporal, contínua e nefasta. Atinge-nos
na plenitude da sua fogosidade, qual sol abrasador, e queima todo o sentimento
como palha ressequida. Desse incêndio destruidor sobra apenas negritude e terra
árida sem possibilidade de renovação. E tudo passa porque a vida assim o
permite.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas
há algo mais obsceno e devasso. A dúvida. Essa é cruel, vil, maléfica e sádica.
Mantém-nos num limbo de incertezas e esperanças, porque fere, arranha, machuca,
tritura, rasga, perfura, esfola, aflige, ao mesmo tempo que se nega e pinta de
cores suaves, hipnóticas e anestésicas, qual atriz no auge das suas capacidades
interpretativas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Esta
trilogia de inegáveis “influencers” da vida nunca foi tão bem definida como fez
Bob Marley, quando disse: <i>A verdade dói, a mentira mata, mas a dúvida
tortura</i>.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-746966536983628072024-03-16T20:00:00.016+00:002024-03-16T20:00:00.155+00:00Diário do absurdo e aleatório 93 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdOSSEyHHZFYdCXoIsv8ufuoaCu_90AHpnDTPRmvStFVdPp_BWyQCLIMMdKFT1ZeDO-IEAgh5YKINmESUQlTsZYe2LqqoPGCDuzosEFFkDdqOWpWejfK-gfSJjKyk0jZcHy3EGps4E67bOYrvnFsz2tmK80nxZAMUYUMZp3a4uLVa0Zcg6c7dvDzqkNYB/s960/voz%20liter%C3%A1ria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="960" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdOSSEyHHZFYdCXoIsv8ufuoaCu_90AHpnDTPRmvStFVdPp_BWyQCLIMMdKFT1ZeDO-IEAgh5YKINmESUQlTsZYe2LqqoPGCDuzosEFFkDdqOWpWejfK-gfSJjKyk0jZcHy3EGps4E67bOYrvnFsz2tmK80nxZAMUYUMZp3a4uLVa0Zcg6c7dvDzqkNYB/s320/voz%20liter%C3%A1ria.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.noticiasaominuto.com/cultura/836789/plano-nacional-de-leitura-com-400-novos-livros-recomendados">noticiasaominuto</a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;">Não
sou saudosista porque tudo tem o seu tempo e quem fica agarrado ao passado
perde tempo presente que poderia estar a dedicar à construção do tempo futuro.
Contudo, porque nestas coisas da memória há sempre uma saudade, sinto falta das
conversas, sobre escrita, que tive em algumas tertúlias, com gente que sabia da
temática e como partilhar conhecimento.</span></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sinto
essa ponta de nostalgia porque as verdadeiras tertúlias, as genuínas, mesmo
sendo escassas, eram momentos de reflexão compartilhada que enriqueciam cada um
dos envolvidos. Debatiam-se ideias, conceitos e formas de trabalhar as palavras,
num ambiente que, não sendo de erudição absoluta, permitia pensar com mais
critério o ofício das letras.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
saudade fica por aqui porque tudo o resto, em redor destas tertúlias, era
movido pela paixão do exibicionismo inútil e bacoco, um género de vaidade
pessoal, que muitos sentiam necessidade de exibir com a urgência de quem
precisa de alimento para a boca. Para não falar da burrice de alguns sobre o
que é uma tertúlia. Mas não vamos por aí senão este texto transforma-se numa
vulgar ode de escárnio e maldizer.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
verdade é que sinto tantas saudades dessas poucas discussões inteligentes que,
perante a reduzida franja de autores interessados em partilhar opiniões e
crescer, sou obrigado a conversar com os de outrora – apreciadores de tertúlias
– como quem tem amigos imaginários.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Assim,
varro a minha biblioteca, de ponta a ponta, e mantenho diálogos com os
clássicos da literatura e tento absorver o que me dizem na esperança de que
essa aprendizagem me seja benéfica, como úteis foram as conversas com Alexandre
Carvalho, Celso Cordeiro, José Félix, António Boavida Pinheiro, António MR
Martins, Xavier Zarco, Alvaro Giesta, João Carlos Esteves, Francisco Valverde
Arsénio, Paulo Afonso Ramos, Joaquim Evónio e, especialmente, Vítor Cintra, com
quem aprendi a descobrir a minha voz literária.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-33359686612032004222024-03-16T17:00:00.013+00:002024-03-16T17:00:00.148+00:00Diário do absurdo e aleatório 92 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirUx7DkiqOZVmbLpUjqncnvJzguOew1HA8b4e8-cKVtxHRArylbIkuPMtGcYsdrFit33kTQAvYBNXXyH6up4WrORJJ2Glg38IeigG7csCWMVgdPLcoDAo1UtlEEHl5duixw7UJEoCDwb2G5EE3_t8K9LJahVF7ME5VAs31Cn49GwSY1Dr-4ClvTREh2oT1/s612/genuflexo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="612" height="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirUx7DkiqOZVmbLpUjqncnvJzguOew1HA8b4e8-cKVtxHRArylbIkuPMtGcYsdrFit33kTQAvYBNXXyH6up4WrORJJ2Glg38IeigG7csCWMVgdPLcoDAo1UtlEEHl5duixw7UJEoCDwb2G5EE3_t8K9LJahVF7ME5VAs31Cn49GwSY1Dr-4ClvTREh2oT1/s320/genuflexo.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/hu/fot%C3%B3/f%C3%A1b%C3%B3l-k%C3%A9sz%C3%BClt-templom-pad-t%C3%A9rdel%C5%91vel-egy-kereszt%C3%A9ny-templomban-gm1098221312-294940883">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Esta
inquietação vulcânica, que explode de mim, como instinto primitivo, conduz-me
na busca eterna pelas palavras que podem fazer-me ajoelhar, como quem se
prostra diante de imagem consagrável.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Este
desassossego eruptivo, que sangra em mim, como as correntes mais agitadas de
magma e lava, guia-me na infinita demanda dos verbos que podem obrigar-me a
curvar, como quem faz vénias ao ministério divino.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Esta
perturbação efusiva, que irrompe de mim, como intuição ancestral, escolta-me na
procura desenfreada pelos vocábulos que podem forçar-me a vergar, como quem se
derruba em devoção ao ofício celestial.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Este
tumulto tempestuoso, que estoura em mim, como o mais tenebroso ribombar dos
céus, acompanha-me numa insana caçada aos motes que podem impor-me a dobrar,
como quem se inclina aos méritos angelicais de uma prece.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Esta
profusão catastrófica, que eclode de mim, como ímpeto espontâneo, leva-me na
bizarra urgência de encontrar as nobres sentenças que podem justificar os
motivos, pelos quais, não consigo criar sem parecer que estou em permanente
oração aos deuses da erudição.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-17674720206066061192024-03-16T14:00:00.016+00:002024-03-16T14:00:00.131+00:00Diário do absurdo e aleatório 91 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyNwLBM17dYhdy7V5SirzJ-cNwMnLkrYUCmqrOIKxWXCHWL_HOISrUiDwqLOl9Yx4Yiir01iYC1o1KTFkX-pG-s4bdBTr2-BSiWejoky0EpA38ZgXB6UpF1r7m7RBo7Gb0QmUugqL0MShU0MQVpXRGIQEkelm_2s_n__E8v5IHfHCQOBoPETRe4UvAPJKf/s612/sonhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="612" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyNwLBM17dYhdy7V5SirzJ-cNwMnLkrYUCmqrOIKxWXCHWL_HOISrUiDwqLOl9Yx4Yiir01iYC1o1KTFkX-pG-s4bdBTr2-BSiWejoky0EpA38ZgXB6UpF1r7m7RBo7Gb0QmUugqL0MShU0MQVpXRGIQEkelm_2s_n__E8v5IHfHCQOBoPETRe4UvAPJKf/w299-h208/sonhos.jpg" width="299" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=sonhos">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser clássico como Séneca e poder aconselhar: <i>apressa-te a viver
bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Gostaria
de ser erudito como Oscar Wilde e poder falar: <i>a vida é a coisa mais rara do
mundo. A maioria das pessoas só existe</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser lúcido como Bob Marley e poder declarar: <i>não viva para que a
sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser profético como James Dean e poder sentenciar: <i>sonhe como se
fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser pretensioso como Picasso e pintar numa tela: <i>eu gostaria de
viver como um pobre, mas com muito dinheiro</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser engraçado como Chaplin e poder mimicar: <i>a vida é maravilhosa
se não se tem medo dela.</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
gostaria de ser complexo como Nietzsche e poder dizer: <i>torna-te aquilo que
és</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Como
não posso ser nenhum deles nem falar, com mais propriedade, o que já disseram,
limito-me a seguir a dica do Friedrich e, sendo eu mesmo, vou parafrasear
Pessoa, dizendo: <i>tenho em mim todos os sonhos do mundo. </i>Apenas decidi
deixar de correr atrás deles.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-23850992925986772942024-03-16T11:00:00.016+00:002024-03-16T11:00:00.148+00:00Diário do absurdo e aleatório 90 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmNH7EeqJyCKX9TQP_IF3HOCN5n4n4nbXFhHMG6ccttkfvExdzvVJfgr103ZA9YZzTgkJD7HpaATHG1Xw5cbC8V4pEKVyEN8KN9BTMAFJiThI2JHZf-THOFFPqg5dvOE7_HAJsM1viFqLZCQF1cRoi8d2OHA_uWcczlbAMwFqyBdS_QzChnQlITw-t8y01/s612/cubismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="438" data-original-width="612" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmNH7EeqJyCKX9TQP_IF3HOCN5n4n4nbXFhHMG6ccttkfvExdzvVJfgr103ZA9YZzTgkJD7HpaATHG1Xw5cbC8V4pEKVyEN8KN9BTMAFJiThI2JHZf-THOFFPqg5dvOE7_HAJsM1viFqLZCQF1cRoi8d2OHA_uWcczlbAMwFqyBdS_QzChnQlITw-t8y01/w302-h216/cubismo.jpg" width="302" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=cubismo">istockphoto</a></span></div><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nos
dias em que quase desfaleço sou acometido por uma amálgama de sintomas febris e
hipotérmicos que se intercalam num frenesim impossível de descrever, mas que
parecem conduzidos por laivos de demência.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesses
instantes de nebulosas mortes, sem que encontre explicação plausível ou
fragmentos de lógica, dou por mim a divagar pelas correntes artísticas, hoje em
desuso (para não dizer extintas e proscritas), e faz-se luz sobre o meu mundo
de criação.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesses
quentes momentos de caos pacífico e agitada ordem, as epifanias sobrevoam-me a
mente e os sentidos ficam hipnotizados pelos conceitos mais primários. Mesmo no
desconforto das tonturas e com os olhos turvos (quase apagados), é quando
melhor enxergo o que de mim pode advir, porque <i>o que já fiz não me
interessa, só penso no que ainda não fiz</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">São
vinte minutos, meia hora, isentos de percepção temporal, mas com o condão de
clarificar-me ideias e conceitos, indicar-me outras tendências e possibilidades,
abrir-me o espírito para enveredar por diferentes vias e novos caminhos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Então
dou por mim a estudar os antigos ismos das artes e a compará-los (sabendo que
não há comparação) com o mesmismo que se instalou neste meu tempo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aprendo
as diferenças entre o cubismo das telas e o surrealismo ou expressionismo dos
poemas, de Picasso, e fico a adivinhar quantos serão os eruditos anti ismos de
hoje que conhecem essa vertente do criador de Guernica.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois
começo a escrever estes fracos textos sintéticos, com um sorriso irónico colado
nos lábios, por saber que quase ninguém decifrará o conteúdo do último
parágrafo.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-37332841880983199362024-03-16T08:00:00.015+00:002024-03-16T08:00:00.143+00:00Diário do absurdo e aleatório 89 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPihkDnqA8HVn_o0W9HfKB9mCvOnI3FoBCh4mY7DZh1PSccknBNgo6_t6yJkzIqPr0xNSKta-WvIPoAeKDT-KKOuQfU4tizYWShgJ-35F9MhTnlEM0NiAQ64802m-8a5K_1iFP-mGpmBBNSc3C9xB3Kyk6eXw4BG6SaXSBbqyhCwigHHqVPQ9GUctw8SNR/s612/caleidosc%C3%B3pio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="612" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPihkDnqA8HVn_o0W9HfKB9mCvOnI3FoBCh4mY7DZh1PSccknBNgo6_t6yJkzIqPr0xNSKta-WvIPoAeKDT-KKOuQfU4tizYWShgJ-35F9MhTnlEM0NiAQ64802m-8a5K_1iFP-mGpmBBNSc3C9xB3Kyk6eXw4BG6SaXSBbqyhCwigHHqVPQ9GUctw8SNR/w245-h245/caleidosc%C3%B3pio.jpg" width="245" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/caleidosc%C3%B3pio-geom%C3%A9trico-colorido-padr%C3%A3o-fundo-abstrato-gm501827394-81563125">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
mundo moderno é um menu de desvios, encruzilhadas, atalhos e outros percursos
que iludem pela vertigem do imediato associada à preguiça, porque o importante
passou a ser a fim da caminhada em detrimento da satisfação pelos passos dados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Todos
se acham no direito de colocar coroas na cabeça e já nem existe a necessidade
de serem feitas de louro, até porque tomilho e orégano são mais cheirosos. Da
mesma forma, ilusoriamente, o brilho dos sorrisos passou a ser de plástico e a
gratidão não é voluntária - exige troco ou contrapartida.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Já
não importa a essência, mas sim os perfumes genéricos. Os arco-íris são agora
imposição e as cintilações são mais louvadas do que a uniformidade das sombras
nas noites de verão. Já ninguém quer saber do céu azul, pontilhado pelo branco
das nuvens, porque flutuar na fantasia dos dias é menos doloroso do que ter os
pés assentes na realidade no chão.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
algum tempo li uma frase que dizia, por outras palavras, que o problema da
humanidade nunca esteve na dentada que Eva deu na maçã, mas sim no facto de,
pouco antes, ao comer um cogumelo, plantado na base da macieira, ter começado a
ouvir a serpente falar.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se
pensarmos bem, e olharmos o mundo, tal qual ele está hoje (psicadélico) e a
forma (caleidoscópica) como as pessoas o veem, não fica difícil acreditar nessa
versão.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-44412603899380817202024-03-15T22:00:00.015+00:002024-03-15T22:00:00.133+00:00Diário do absurdo e aleatório 88 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQi8878SSUgRLeNYv4AGiZ0LM9FdV1aIFJbdrfu-xwhV5FU-V6lr6xDsdEay3kunz34VirrtXpAOMQtCaDodEiC3uHiGBFXURILl24nJdj67ij6v2QV9beTfJgtTzIIpAgaZkvsOAhEdYxF7fAan-TZBCxKbr2cC6b05nRrYWwbxrRARGIXur1FZpe7N_G/s436/esteira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="436" data-original-width="392" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQi8878SSUgRLeNYv4AGiZ0LM9FdV1aIFJbdrfu-xwhV5FU-V6lr6xDsdEay3kunz34VirrtXpAOMQtCaDodEiC3uHiGBFXURILl24nJdj67ij6v2QV9beTfJgtTzIIpAgaZkvsOAhEdYxF7fAan-TZBCxKbr2cC6b05nRrYWwbxrRARGIXur1FZpe7N_G/w197-h219/esteira.jpg" width="197" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/br/foto/3-d-branco-pessoas-correndo-em-uma-esteira-gm156361542-22047865">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Valdemar
era um alpinista amador que gostava das sensações que, subir montanhas e pequenas
encostas escarpadas, lhe proporcionavam.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Munido
de todo o equipamento necessário e um vasto conhecimento sobre escalada, sempre
que a vida permitia, lá ia ele para mais uma aventura. No início sozinho,
depois acompanhado por outros que foi conhecendo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
prazer que tinha nesta actividade lúdica era tanto que não se importava de
dedicar algum do seu tempo a ajudar outros que tinham ritmo e experiência inferiores
aos seus.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Tudo
corria bem até ao momento em que alguns dos que ele auxiliara em inúmeras
oportunidades começaram a agir como fossem experimentados escaladores de
Evereste, juntando-se a outros alpinistas fanfarrões, e passaram a ignorar os
seus conselhos sobre questões de segurança.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Para
Valdemar era muito difícil ver aquela gente a praticar actos negligentes e
saber que, mesmo assim, a cometerem tantos erros, todos eles tinham planos para
aventuras em locais mais exigentes e onde qualquer falha pode significar uma
fatalidade. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Muito
a contragosto, mas com receio de poder assistir a alguma tragédia, Valdemar
deixou de comparecer nos locais habituais com tanta regularidade, acabando
mesmo por abdicar de fazer alpinismo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Hoje,
já não dá conselhos a ninguém, nem quando o solicitam, mas continua a dedicar o
tempo livre ao exercício físico… só que na esteira lá de casa.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-5255518616128455022024-03-15T20:00:00.014+00:002024-03-15T20:00:00.140+00:00Diário do absurdo e aleatório 87 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWAKE_II2zA8h_dmhYCBBcusPNtO-OIjxyYAu1LL1U2DsTR0U9FzTV5AawPNpB0tI-TqqNdDSSX2__9sLvIK6W75L853UQPYt9kZyZwyPYOnNrQzXLx5zEgAhIHD0HB1dmEs2u-IAusnlhnKRq1kfY1MaJW_ctYGW07w45qqU5HghrW8DXsH289I8n0LZM/s612/bagagem%202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="408" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWAKE_II2zA8h_dmhYCBBcusPNtO-OIjxyYAu1LL1U2DsTR0U9FzTV5AawPNpB0tI-TqqNdDSSX2__9sLvIK6W75L853UQPYt9kZyZwyPYOnNrQzXLx5zEgAhIHD0HB1dmEs2u-IAusnlhnKRq1kfY1MaJW_ctYGW07w45qqU5HghrW8DXsH289I8n0LZM/w173-h260/bagagem%202.jpg" width="173" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=sherpa+porter">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
este querer sólido e verdadeiro, que me acompanha desde sempre, de encontrar a
perfeição do vazio; o silêncio original.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quanto
mais me embrenho na solidão que cultivo, menor parece a distância que me separa
de algo semelhante ao Nirvana. Aquele lugar puro, sem defeito, que não é
celestial nem divino. Apenas um lugar de paz imorredoura que substitui uma vida
inteira.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
cada passo dado dou conta de todo o peso inútil e desnecessário que tenho
carregado nas costas. Desfaço-me de mais e mais, sem traumas de separação.
Simplesmente largo lastro e caminho mais leve.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
percurso ainda é longo, mas completo na sua única via, num só sentido, perfeito
porque é feito de coisa alguma, apenas nada. E estou a conseguir libertar-me de
toda a bagagem, de toda a tralha que me tem freado o ímpeto.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sei
que ainda transporto baús encrustados no corpo, com amarras maciças e
fechaduras encriptadas, cuja remoção terá um custo de luas e sal, mas blindei a
minha resiliência com o aço da vontade suprema e tenho os olhos focados no
amanhã, porque é para lá que caminho.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-14194590941346106522024-03-15T17:00:00.013+00:002024-03-15T17:00:00.129+00:00Diário do absurdo e aleatório 86 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5xo69HCo6EVxFp-0gQRRApyiRe5Tg8pIgH2T1j6hylR0mobaC4gAreP6hPHGbLXZ-fDDhBlRGB6zrNxV42B_7eCMuHYXAvhTtm9fivPRWIRAeLKanLvSE6WhcNF2saj8J6konlvSEE8n4mMUpwepSi2qq2rAhd8Cn2_BTJIx3lryXs3eV_IUYLXfPCTPQ/s612/tumba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="371" data-original-width="612" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5xo69HCo6EVxFp-0gQRRApyiRe5Tg8pIgH2T1j6hylR0mobaC4gAreP6hPHGbLXZ-fDDhBlRGB6zrNxV42B_7eCMuHYXAvhTtm9fivPRWIRAeLKanLvSE6WhcNF2saj8J6konlvSEE8n4mMUpwepSi2qq2rAhd8Cn2_BTJIx3lryXs3eV_IUYLXfPCTPQ/s320/tumba.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/search/2/image-film?phrase=sepultura+cemit%C3%A9rio">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, ignorado pelos críticos das paragonas de tiragem erudita,
porque sempre respeitei os legados e defendi os meus critérios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, na invisibilidade de todos os fóruns oligarcas, porque nunca me
sujeitei a convenções nem a tratados de mal-escrever.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, no desterro de todas as falsas elites sem condição, porque
sempre acreditei que a universalidade criativa é, além de um direito, um dever
global.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, no exílio de todas as palavras que nunca escrevi, porque os
meus textos foram construídos em exercício de liberdade e expressão individual
sem apegos nem compadrios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, no confinamento de uma tumba desconhecida, porque bebi dos
melhores néctares literários e trabalhei na inspiração dos ridículos saberes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, embrulhado na bandeira dos autores menores, porque nunca babei
os grandes nem ignorei os pequenos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Morrerei,
orgulhosamente, na embriaguez dos meus paradoxos.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-16557295476592704592024-03-15T14:00:00.015+00:002024-03-15T14:00:00.143+00:00Diário do absurdo e aleatório 85 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnGpCKWkj-d_wcsdzH4UxBCInXDh4iT_YA5VK7qP6CDtQ6b40ZJBLEZ_JbIrDzNTGeh1EHSzBmsovnOO0JE0_YLPYACglCccndUYDp1VnU00uVssXPxZgOHLSCnsUT7JvwR0-R-IgkBFgVmC6np8jdGuN-reb4P1YKMuT2W-T7Q1_YfzEgmLrMFyi9-gF-/s1024/comedores%20de%20batatas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="854" data-original-width="1024" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnGpCKWkj-d_wcsdzH4UxBCInXDh4iT_YA5VK7qP6CDtQ6b40ZJBLEZ_JbIrDzNTGeh1EHSzBmsovnOO0JE0_YLPYACglCccndUYDp1VnU00uVssXPxZgOHLSCnsUT7JvwR0-R-IgkBFgVmC6np8jdGuN-reb4P1YKMuT2W-T7Q1_YfzEgmLrMFyi9-gF-/w280-h234/comedores%20de%20batatas.jpg" width="280" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Vincent-van-Gogh/669996/Comedores-de-batata%2C-1885.html">meisterdrucke</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por
mais que admire o rigor e qualidade das tuas telas, por mais que aprecie os
teus traços originais; por mais que me encante a singularidade das tuas
pinceladas; por mais que respeite a profusão da tua extensa obra; não consigo
deixar de te culpar, mestre Vincent, pela realidade impressionante dos meus
dias.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Neste
tempo de abundância e consumismo; de feitos banais e condutas impostoras; de
sedentarismo intelectual; de improvisos estudados; de originalidades repetidas,
a tua obra penetrou o lado mais recôndito das mentes desprovidas de
conhecimento.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesta
era de inversão de valores; desamor pelo passado; conflito com a história;
contestação dos legados, a tua arte sobreviveu nos becos das memórias ocas e
influencia os estranhos hábitos espontâneos de gerações tecnológicas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
ti, Vincent, acuso de teres incentivado, ainda que sem conhecimento do facto,
através do elevado número de autorretratos que produziste, este bizarro vício
das selfies.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E
só não te acuso dos instantâneos de repasto porque só conheço “Os comedores de
batata” e nesse os pratos mal se veem.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-64311109771387928182024-03-15T11:00:00.014+00:002024-03-15T11:00:00.133+00:00Diário do absurdo e aleatório 84 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjReJcxURurjEdXVisRcyKvvXyCsj9BdM5X2eAXbK9pNiHcrspnOJLpUDvrSYyKClfCmR6ZNucbUca1yzd8nrnoZSRlwMFY8V7INffKisnJMXND9OZn0sDuHe5tHaOjIAHq_XkutANMBmws6yV6S55ThGRHcW-YBRvSjGMRe_B7qWIG4Gmy4Gs9qz14PC2x/s509/bailarina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="339" data-original-width="509" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjReJcxURurjEdXVisRcyKvvXyCsj9BdM5X2eAXbK9pNiHcrspnOJLpUDvrSYyKClfCmR6ZNucbUca1yzd8nrnoZSRlwMFY8V7INffKisnJMXND9OZn0sDuHe5tHaOjIAHq_XkutANMBmws6yV6S55ThGRHcW-YBRvSjGMRe_B7qWIG4Gmy4Gs9qz14PC2x/s320/bailarina.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/br/foto/bailarina-linda-jovem-feminino-moderno-jazz-contempor%C3%A2neo-estilo-slim-gm1064088088-284497086">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
arte, nas suas diversas vertentes e dimensões, é uma actividade intimista que
roça, quando não ultrapassa, o egoísmo. Mas este individualismo egocêntrico,
que se exige ao criador, não é negativo, antes pelo contrário, é humanista
porque permite que as dores da angústia criativa fiquem restritas ao universo
da criação.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aos
apreciadores de artes deve ser apresentado o lado mais belo e sereno do objecto
artístico, isto é, a arte finalizada.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Pouco
importa o número de marteladas falhadas e quantas lascas de pedra rasgaram a
pele do escultor, quando estamos diante de um busto. Ninguém quer saber quantas
camadas de óleo foram colocadas sobre uma pincelada disforme ou quanto vapor de
diluente paira no atelier do pintor, quando estamos a olhar uma tela. Não
existe interesse algum no tempo que o escritor perdeu para dar vida à frase
mais eloquente ou quantos rascunhos foram atirados ao lixo, quando lemos um
livro. Não há relevância na quantidade de vezes que o actor titubeou ou se
engasgou nos ensaios, quando estamos e ver um filme ou uma peça de teatro. Não é
preciso saber quantas vezes as dançarinas tropeçaram ou erraram os passos nos
treinos, quando estamos a assistir a um bailado.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-2945124680738914392024-03-15T08:00:00.013+00:002024-03-15T08:00:00.133+00:00Diário do absurdo e aleatório 83 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPBMp70c0M5VZYL8WkvI0dPA0g6S4dWUBgg3hrxozkoJxuZ124VdK0L8UZZ9aoXIHo7rkujGwxFrhhT-bwRb8MIyEtVedba0qJ4Q22u4YVU5b78gV46K2y2G5QdD6oWBXPjrz7v23rH6e93gTm9Gw7jVCXBaPIM_sjDHPNWsrPrli_1Rp5wNKf0qGXnwAj/s507/m%C3%A1scara.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="507" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPBMp70c0M5VZYL8WkvI0dPA0g6S4dWUBgg3hrxozkoJxuZ124VdK0L8UZZ9aoXIHo7rkujGwxFrhhT-bwRb8MIyEtVedba0qJ4Q22u4YVU5b78gV46K2y2G5QdD6oWBXPjrz7v23rH6e93gTm9Gw7jVCXBaPIM_sjDHPNWsrPrli_1Rp5wNKf0qGXnwAj/s320/m%C3%A1scara.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/br/foto/m%C3%A1scara-de-carnaval-gm176108345-10386494">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não
sei quantas vezes confessei o quão paradoxo sou. Mas isso também não é
importante porque convivo bem com este adjectivo e não perspectivo desfazer-me
dele.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Acho
que até alimento essa faceta por ser a forma mais fácil de me equivaler, ou
aproximar, da duplicidade dos outros, que, para esse efeito, usam máscaras.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Estive
quase para usar o termo bipolaridade, mas, analisando bem as alternativas,
duplicidade é, efectivamente, a forma mais correcta de caracterizar a urgência
que as pessoas têm de querer passar, delas próprias, imagens diferentes daquilo
que são. E um bipolar não tem duas caras nem usa máscaras, tem um transtorno.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Neste
contexto, de aproximação àquilo que os outros são, revela-se, uma vez mais, a
minha vertente paradoxal.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se
por um lado contesto a duplicidade, por vê-la como embuste, por outro lado
canto loas aos usuários de máscaras por, com a sua falsidade identitária, darem
provimento a uma máxima lançada por Kundera: <i>Nunca somos nós mesmos quando
há plateia.</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Abençoados
pensamentos literários. Abençoada literatura, que é eterna e sempre actual.</span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1411768206719973547.post-55329538194860459122024-03-14T22:00:00.014+00:002024-03-14T22:00:00.141+00:00Diário do absurdo e aleatório 82 - Emanuel Lomelino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDcXPnY4oG3WIzZ2ru1FHSbBmpcyyCBLKvWPfR7PI63s4SC9du4xzaJDb3nhQVWhIjVlqym7AC05vta7-IpdlqcY43k1VTWVp6ectsiv8RGIydSV3LTA4yanjU_TvkkiClPNqQnPgiP8J9TofQsxrr2wX-iXDPPhGzrhvsM895zcOjgEH2vb3gjaQnViEh/s612/balzac.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="591" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDcXPnY4oG3WIzZ2ru1FHSbBmpcyyCBLKvWPfR7PI63s4SC9du4xzaJDb3nhQVWhIjVlqym7AC05vta7-IpdlqcY43k1VTWVp6ectsiv8RGIydSV3LTA4yanjU_TvkkiClPNqQnPgiP8J9TofQsxrr2wX-iXDPPhGzrhvsM895zcOjgEH2vb3gjaQnViEh/w234-h242/balzac.jpg" width="234" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe; font-size: x-small;">Imagem <a href="https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/honor%C3%A9-de-balzac-born-honor%C3%A9-balzac-was-a-french-novelist-and-playwright-gm1066504156-285189997">istockphoto</a></span></div><p></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O
provérbio popular diz que <i>a esperança é a última a morrer</i>. Já Balzac
afirmou que <i>o homem morre pela primeira vez quando perde o entusiasmo</i>.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Juntando,
a ambas as frases, todas as minhas distintas mortes, fica provado que o homem
perece toda a vida até que a derradeira morte reclame o seu prémio e encerre o
assunto de vez.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Contudo,
no meio de toda esta filosofia necrológica, levantam-se algumas questões
pertinentes:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Entre
cada morte existe renascimento ou ressurreição?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Todas
as mortes permitem renovação ou apenas ressuscitamento? </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
alguma morte mais nefasta que as demais?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Até
que ponto o acúmulo de mortes não é, em si mesmo, mais uma morte?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sejam
quais forem as respostas a estas perguntas, existem duas garantias absolutas e
incontestáveis sobre todas as mortes. As intercalares apenas nos amputam. A
definitiva, tal como também disse Balzac: <i>… é mais verdadeira – ela nunca
renuncia a nenhum homem.</i></span></p></div>Manuhttp://www.blogger.com/profile/03781456694744275924noreply@blogger.com0