Sempre que mordo as palavras por dizer, falece-me o apetite de ser e fico a mastigar húmus e raízes desidratadas.
A cada frase mal proferida, expira-se-me a resistência à solitude, num abraço autofágico embrulhado em conformismo.
Pereço-me, sobretudo, nos episódios de excessiva sensibilidade autoimposta por altruísmo bacoco.
Desencarno-me a cada oblíqua troca de razões em que predominam lugares-comuns e frases feitas.
Sucumbo-me nas alvoradas indiferentes e nos pretextos crepusculares.
Fino-me na ausência de aceitação aos detalhes básicos em detrimento da grandeza fútil.
Feneço-me pela cegueira táctil à necessidade de eremitismo pontual e meditativo.
Apesar de tudo isto, o silêncio não anuncia a minha morte porque tenho morrido sonoramente vezes sem conta, tantos são os estertores lamentosos como trovões.
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