A conversa recente, com um companheiro de infância, sobre a minha obsessão pelos livros, teve o condão de fazer-me refletir e descobrir alguns enganos que alimentei durante grande parte da minha vida.
Engraçado como uma simples constatação pode dar-nos um novo ângulo, uma perspectiva diferente, da nossa história, e levar-nos a descobrir, ou a vislumbrar, algo que, apesar das evidências, sempre conseguiu escapar ao escrutínio do pensamento lógico.
Até essa conversa, sempre afirmei que a minha relação com a literatura nasceu quando comprei o meu primeiro livro: “Bichos” de Miguel Torga. No entanto, como bem fui alertado, essa aquisição foi somente a minha consciencialização sobre literatura e não a minha história com os livros. Essa começou alguns anos antes quando os meus progenitores, à falta de consenso sobre qual deveria ser o meu nome, decidiram atribuir a minha identidade ao acaso, atribuindo-me o primeiro que aparecesse ao abrir, aleatoriamente, a Bíblia.
Criatividade e sorte à parte, definitivamente, a minha ligação com os livros remonta aos meus primórdios e começou com uma colectânea.
Sorry, Torga!
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