quarta-feira, 24 de julho de 2013

PEDRO MEXIA

Um grupo de jovens com sangue na guelra
típicos gaiatos dos subúrbios da capital
atravessavam a cidade de uma ponta a outra
no velho transporte público, vulgo, autocarro.
O metropolitano ainda não ía ao Cais do Sodré!

Depois era a boleia no comboio até Belém
e como não havia borlas no cacilheiro
todos abriam mão dos tostões amealhados
nas multifacetadas artimanhas da juventude.
A necessidade sempre aguça o engenho! Dizem!

Na Trafaria nada mais restava que arrastar os pés
até à praia de S.João (tantos quilómetros nas pernas)
aí chegados era cada um por si à caça de garina
que um dia de praia de nada valia sem companhia.
As histórias que as dunas contariam se pudessem!

Após um dia inteiro de mergulhos e amassos
perto da hora em que noutra estação seria noite
romaria em sentido contrário (o cansaço pesa)
com as algibeiras vazias o regresso era difícil.
As conquistadas é que pagavam as viagens!

Regressados ao bairro ainda havia uma pelada
que o banho podia esperar mais meia hora.
Nunca se pensava no dia que estava por vir
porque todos viviam apenas um de cada vez.
Ai que saudades dos tempos de juventude!

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013



segunda-feira, 8 de julho de 2013

NUNO JÚDICE

Amigo poeta, não fiques na indecisão
sobre o que usar em tempo agreste
não és bife e tantos os cães como os gatos
são pesos ligeiros perante os cântaros
que chovem em português.
Quanto às bruxas… pede-lhes as vassouras
e ajuda a limpar a sujeira em S. Bento.


Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013