O substantivo que melhor define as sociedades modernas é “preguiça”.
Nestas duas primeiras décadas do século XXI, ela disseminou-se, qual vírus contagioso, tornando-se quase uma característica genética da humanidade.
Podemos observá-la desde as pequenas coisas da vida – usar o carro para ir ao café, no fundo da rua; deitar lixo no chão havendo um caixote no outro lado da estrada – até às de maior impacto – resolver burocracias no final dos prazos; deixar para o dia seguinte a conclusão de um trabalho, que demoraria cinco/dez minutos, porque o patrão não paga horas extra.
Depois há a preguiça intelectual, que tem sido estimulada por aqueles que compreendem o fenómeno do seguidismo e sabem dissimular ideias e conceitos em actos e discursos tão cativantes que parecem dogmas infalíveis, sem pontas soltas, logo, sem necessidade de reflexão, mas fazendo crer, aos enfermos da preguiça, que são livres-pensadores e que a ideia original foi fruto do seu próprio pensamento (que nunca teve).
Dessa percepção de indiscutibilidade cria-se a apologia do não-pensamento, ou a sensação de que pensar é prescindível.
Assim nascem os rebanhos, educados a aceitar sem contestar e sem compreenderem que estão a ser formatados por pensamentos induzidos e a perder a capacidade de pensar pela própria cabeça.
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