segunda-feira, 29 de abril de 2013

HELENA ISABEL


Nas bravas águas da Bretanha
deixas que os teus sentidos enlouqueçam
e expurgas de ti as tristezas do presente.
A felicidade que o líquido atlântico te dá
é a força que conservas na intimidade de ti
e nada mais temes para além dos pensamentos.
As palavras que saem do teu âmago
são o teu idioma, a tua natureza e o teu pulsar
que fazem de ti o que sempre quiseste ser, poetisa!

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

TATIANA MOREIRA


A ti poetisa
mil vezes garanti
mais que vontade, o desejo
de ser o artífice dos teus versos.
Do teu estro
saem sentimentos que são os meus
em frases que bem podiam ser as minhas
e que me revelam.
Da tua pena sai a seiva
que corre nestas veias
como se as tuas palavras
fossem a descrição de mim.
Em ti poetisa
ouve-se a voz do meu ser
o choro da minha alma
e o pranto da minha existência.
 
Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Gerúndio de morte (inédito)

Pouco a pouco vou definhando
o tempo passa e eu prescrevendo
o lento fim vai-se aproximando
e a viver ainda estou aprendendo
 
Pedaço a pedaço vou desligando
um a um, os sentidos perdendo
a medo ainda vou perseverando
e neste limbo vou-me mantendo
 
Pela minha hora estou esperando
o fim do meu tunel já estou vendo
tem uma bela luz branca brilhando
sinal que há muito venho morrendo.

terça-feira, 16 de abril de 2013

BICICLETA (inédito)

Foram muitos anos sem andar de bicicleta
porque as feridas de uma queda grave
apesar de terem sarado deixaram marcas.
Foram muitos anos a ver outras bicicletas
mas quando lhes tocava o medo ressurgia
e as pedaladas que elas pediam, não dava.
Até ao dia em que avistei uma bicicleta
que de tão encantadora me reacendeu
a vontade de voltar a pedalar estrada fora.
Coloquei todo o medo atrás das costas
e como ninguém esquece como se pedala
voltei a ser feliz pedalando uma bicicleta.
Mas um dia um dos pés saiu dos pedais
voltei a cair e a bicicleta ficou estragada.
Apesar dos danos, tentei voltar a pedalar
aquela bicicleta que tanto me encantou
mas os estragos que ela tinha eram muitos
e eu já não conseguia pedalar a direito.
Com amor, carinho e alguma devoção
arranjei a bicicleta, ela ficou como nova
mas a vontade de pedalar já tinha prescrito
e nunca mais quis pedalar aquela bicicleta.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

SEMENTE c/ MIGUEL BEIRÃO


Será que não entendes
que há uma porta para entrar
quando a tua mão estendes
para na minha entrelaçar
 
Será que ainda não crês
nos valores da cumplicidade
e este rosto que agora vês
é expressão de amizade
 
Será que não percebes
que é ao lado que se caminha
e a água que tu bebes
é da mesma fonte que a minha
 
Será assim tão estranho
o caminho que atravesso
e a certeza que mantenho
na amizade que te peço
 
Será difícil acreditar
que o sol que alguns aquece
é o mesmo que me faz sonhar
mas que de mim se esquece
 
Será assim tão complicado
responder sim ou não
se me queres a teu lado
ou persistir na solidão
 
Somos todos filhos da terra
sementes dadas ao mundo
somos rios, correndo na serra
somos um (a)mar profundo
 
Seremos todos apenas pó
e um grão não faz o deserto
é mais triste estar-se só
que ter amigos por perto
 
Girando, o mundo acontece
nas mãos da tirania
e assim o sonho adormece
sem conhecer outro dia
 
E os sonhos que realizamos
são momentos de glória
ainda mais se partilhamos
o doce sabor da vitória
 
Mas juntos na mesma estrada
havemos de chegar
há-de ser a lua, tudo ou nada
e nós a certeza do luar
 
E juntos podemos tudo
temos a força da comunhão
o nosso grito não será mudo
e ecoará na escuridão
 
Por isso vem, anda comigo
Une a tua voz ao meu clamor
Serei teu porto de abrigo
E tu serás meu protector
 
E se mais silencios não houver
o meu sonho conquistei
o céu será um lugar qualquer
porque o amor será lei

Poema extraído do meu livro LICENÇA POÉTICA [duetos lomelinos] - Lua de Marfim - 2011

terça-feira, 9 de abril de 2013

ANTÓNIO MR MARTINS


Ser poeta é dar ao mundo versos de candura
é escrever ironias e metáforas como Aquilino
é sentir mil sentimentos quase no feminino
e banhar as palavras nas águas de ternura.
 
Ser poeta é saber viver outra forma de vida
é fingir como Pessoa, num jeito que seduz
é dar a cara mesmo usando máscara de luz
e desaguar feliz numa atlântica foz sentida.
 
Ser poeta é rimar a poesia sem ter rima
é levantar a cabeça e mantê-la em cima
navegando nas palavras que alimentam.
 
Ser poeta é ser de todos o mais indigente
mesmo sendo semelhante a toda a gente
felizes aqueles que a poesia experimentam.

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013

sexta-feira, 5 de abril de 2013

SE EU FOSSE...


Se fosse astronauta na lua viveria
Nunca ninguém me encontraria
Talvez assim pudesse descansar
Ficava escondido numa cratera
Se fosse astronauta, quem me dera
Lá viver e nunca mais regressar
 
Se fosse marinheiro de verdade
Mergulhava a grande profundidade
E viveria mesmo no leito do mar
Ficava escondido lá bem no fundo
Estaria longe dos olhos do mundo
Onde ninguém me fosse procurar

Se fosse mineiro das profundezas
Estaria certo entre outras certezas
De ter encontrado um bom lugar
Enclausurado entre xisto e basalto
Viveria sem qualquer sobressalto
E jamais alguém me ia encontrar

Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO - Temas Originais - 2010

quarta-feira, 3 de abril de 2013

VICTOR OLIVEIRA MATEUS


De ti nascem os esboços do que escrevo agora
nestas linhas pautadas pelo vazio do branco
onde rasuro ideias que custam perícia e tempo
na incerteza da morfologia destas palavras
que respiram e regurgitam num só movimento.
 
Também são tuas estas frases órfãs de saber
inspiradas num instante de alucinação pagã
mas livres dos preconceitos irracionais da razão
que as dilacera e corrompe a cada sílaba
numa dança válsica que foge à compreensão.
 
Não negues a paternidade destas estrofes
cujas rimas furtivas se eclipsaram à nascença
deixando um simples discurso incoerente
de alguém que necessita escrever algures
todos os poemas que o papel recusa albergar.
 
São teus os versos que aqui vêm descansar
depois de correrem as estradas da criação
numa alucinante viagem sem destino prévio
mas com indomável vontade de se juntarem
e no fim gritar as dores de terem sido paridas.

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013