terça-feira, 26 de novembro de 2013

SINAIS c/ JESSICA NEVES

Se na vida atingimos a glória
através das batalhas travadas
algumas metas conquistadas
jamais nos ficam na memória.

Se a vida, por si só, é vitória
p'lo sucesso das empreitadas
não serão vitórias alcançadas
um sinal de conquista ilusória?

Se no tempo perdemos tempo
através dos relógios alterados
alguns roteiros são evitados
sempre nos trazem desalento.

Se o tempo, por si só, é momento
p’lo que se vive sem (se) viver
não será o que acreditamos ter
um sinal soprado p’lo vento?



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

JARDIM DE POESIA c/ JESSICA NEVES

Neste jardim de poesia que eu vejo
plantei uma flor, bonina-do-desejo
cujo perfume me cativa, m’inebria.
Tem suavidade dum amor-perfeito
delicado como virgem no seu leito
bela sonoridade, celestial melodia.

Neste jardim de poesia que eu toco
plantei um odor que me deixa louco
cujo aroma me comove, m’arrasa.
Tem intensidade de mulher-poema
sedutora nata num puzzle-dilema
tela sedutora, acolhedora casa.

Neste jardim de poesia que eu vivo
mais que paixão, é amor que cultivo
cuja fragância me enlaça, m’encanta.
É uma relíquia e é eterna esperança
que na vida poucas vezes se alcança
e transforma o poeta em alma santa.  


Neste jardim de poesia que eu amo
mais que desejo, é prazer que clamo
cuja vontade me ferve, m’arranha
É uma alquimia e é risco desmedido 
Que no fado tantas vezes é conduzido
Ao delírio infernal que no céu se banha.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

NATÁLIA CORREIA

Mulher açoreana, pêlo na venta
poetisas como tu já não fazem
nem sei como a poesia aguenta
quando os melhores já jazem.

Guerreira de milhentas batalhas
foste mais audaz qu'os audazes
este país hoje está de cangalhas
nem sabes a falta que nos fazes.

Lutadora sem pápas na língua
p'ra casa não levavas desaforo
o nosso idioma anda à míngua
de nada serve o pranto e choro.

Tua voz de tom satírico, mordaz
nunca se deveria ter despedido
o pessoal anda em marcha-atrás
porque esta vida perdeu sentido.

Levaste as tuas armas contigo
quem te admira ficou indefeso
os políticos só olham o umbigo
e o povo, bem, esse anda teso.

Sem ti, Portugal não tem nexo
nunca antes tal por aqui se viu
o povo fodido tem menos sexo
e a taxa de natalidade diminuiu.

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013