sexta-feira, 15 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 86 - Emanuel Lomelino

Morrerei, orgulhosamente, ignorado pelos críticos das paragonas de tiragem erudita, porque sempre respeitei os legados e defendi os meus critérios.

Morrerei, orgulhosamente, na invisibilidade de todos os fóruns oligarcas, porque nunca me sujeitei a convenções nem a tratados de mal-escrever.

Morrerei, orgulhosamente, no desterro de todas as falsas elites sem condição, porque sempre acreditei que a universalidade criativa é, além de um direito, um dever global.

Morrerei, orgulhosamente, no exílio de todas as palavras que nunca escrevi, porque os meus textos foram construídos em exercício de liberdade e expressão individual sem apegos nem compadrios.

Morrerei, orgulhosamente, no confinamento de uma tumba desconhecida, porque bebi dos melhores néctares literários e trabalhei na inspiração dos ridículos saberes.

Morrerei, orgulhosamente, embrulhado na bandeira dos autores menores, porque nunca babei os grandes nem ignorei os pequenos.

Morrerei, orgulhosamente, na embriaguez dos meus paradoxos.

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