sexta-feira, 22 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 128 - Emanuel Lomelino

Todos criticam a existência do “Grande Irmão”, mas, em simultâneo, querem ter acesso livre à vida dos demais. (hipocrisia).

Não tenho problema algum em andar por ruas e edifícios inundados com câmaras de vigilância. A minha revolta (hipérbole) é com aqueles que se julgam no direito de saber todos os meus passos.

Sinto. Vejo. Compreendo. Mas jamais me comovo com a demonstração de interesse (eufemismo). “A César o que é de César”, inclusive a privacidade.

Há silêncio nos olhares que perscrutam o rosto, como quem procura decifrar-me no mais íntimo de mim (intromissão). As miradas mudas não perturbam a minha paz, porque conheço os intentos dessas buscas e sei vestir-me de invisibilidade.

E em tudo isto existe uma ironia (que não é figura de estilo) porque aprendo mais sendo observado do que os observadores aprendem sobre mim.

Sem comentários:

Enviar um comentário