sexta-feira, 22 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 127 - Emanuel Lomelino

 

Volta e meia deparo-me com momentos de feroz lassidão – como agora – em que sou inundado por uma chuva de memórias entrelaçadas, de tempos cruzados sem cronologia, de sangramentos, de glória, de lágrimas, de risos, de luto, de paz, de erupção, de anseios…

São períodos breves, mas intensos, que desgastam o ânimo até à fronteira da vulnerabilidade. Um cansaço indescritível apodera-se do espírito e do corpóreo, com a mesma violência irrespirável. 

São instantes esparsos, contudo, paridos pelo eterno dilema entre o uso da resiliência e a vontade de prescindir. A mente transforma-se num fórum e os argumentos jorram, com fúria combativa, criando um caos híbrido que deambula entre o desejo e a razão.

Nessas alturas – como agora – procuro refúgio na sabedoria clássica e entrego-me aos pensamentos de Schopenhauer, Púchkin, Nietzsche, Sá-Carneiro, Pessoa… para descobrir, na pele e com assombro, que a vida é como uma viagem de comboio e cada encontro é um apeadeiro.

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