sábado, 23 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 136 - Emanuel Lomelino

Gosto de abrir os livros às vozes do passado e deixar-me envolver pelos trâmites de outrora.

Passeio nas diligências do saber pretérito, percorro trilhos e veredas, pernoito em albergues e estalagens, atravesso aldeias e lugarejos, escuto as modinhas camponesas, os fandangos ciganos, as valsas aristocratas.

Navego em caravelas, trirremes, faluas e outros batéis, lado a lado com marujos e outros navegantes.

Monto dromedários nos desertos, iaques himalaias, jumentos bérberes, cavalos mongóis, elefantes asiáticos, licórnios e outras mitologias.

Embrenho-me em jardins sumptuosos, bosques, florestas, searas, prados, castelos, palácios, cárceres, coliseus, fóruns, becos e tabernas.

Escuto filosofias e saberes milenares, observo comportamentos seculares, respiro superstições e crenças intemporais, bebo conhecimento universal, entro em estreito contacto com culturas eternas.

Depois fecho os livros e pondero no que aprendi sem acreditar na remissão da humanidade nem na absolvição dos desvios da modernidade.

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