quarta-feira, 27 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 158 - Emanuel Lomelino

Não foi um plano delineado de forma proposital, no entanto, o mundo que construi em meu redor, e que me serve quase na perfeição, faz de mim um eremita urbano.

Nunca desgostei das pessoas, bem pelo contrário, contudo, pouco a pouco, com o avançar da idade e o desaparecimento de alguns seres especiais, acentuou-se no meu âmago a vontade de usufruir deste isolamento egoísta e limitar a minha presença ao inevitável.

Substitui conversas com gente interessante por diálogos mentais com outros deslocados temporais, nos quais me revejo, mesmo não subscrevendo todos os pensamentos, conceitos e ideias que defenderam, pelo simples facto de ser apologista das discussões saudáveis com pessoas capazes de argumentar civilizadamente.

Esta esquizofrenia lomeliniana apraz-me e, enquanto tiver laivos de razoabilidade, não deixarei de a alimentar porque também me cumpro no silêncio conturbado dos meus pensamentos.

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