sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Dúvidas

Que pecado mortal cometi?
Que punição é esta?
Por que devo sofrer assim?
Que mal fiz eu ao mundo
para ser, diariamente, confrontado,
posto à prova?
Quanto mais tempo devo sofrer?
Não me chegava amar-te assim
com tanta intensidade?
Até o tempo atmosférico
vem contra mim.
De onde saiu este calor insuportável
que me obriga
não só a amar-te...
mas também a ver a tua pele nua?
Oh mísera existência
que vivo e odeio,
pudesse eu mudar os sentimentos,
pudesse eu apartar este amor.
Oh se me fosse permitido negá-lo
não teria de ver a tua pele
alva e sedosa pele...
Não teria de suportar
em silêncio
a dor de ver o teu corpo
corpo de sereia
com apenas uns panos a cobri-lo
e ver na transparência do tecido
as tuas curvas de pecado
as tuas divinas curvas
as curvas que podiam ter sido minhas
as curvas que minhas mãos poderiam,
deveriam ter tocado.
Oh inclemente calor de Verão
que vieste na estação certa
mas... na altura errada.
Eu já sofria
sofria por um amor presente
fora de alcance
agora sofro mais
sofro por um amor presente
fora de alcance
mas em permanente provocação.
Oh curvas celestiais
que em permanência
me tentam
me testam
me provocam
me fazem sofrer ainda mais.
Não era suficiente o meu sofrimento
por ver os olhos amendoados
o rosto de menina
as mãos de fada
do meu grande amor
da mulher que mais amo
do meu eterno Nenúfar?
Não era sofrimento suficiente
ver o cabelo cheiroso
os lábios finos
aquelas covas nos cantos da boca
do meu amor secreto
da mulher da minha devoção
do meu eterno Nenúfar?
E agora
ainda tenho de ver mais além
sofrer mais
ver em permanência
o fruto do meu desalento
esse corpo magistral
pelo qual me apaixonei
e ter o desejo mais acirrado
ter a vontade mais premente
e continuar assim...
cortês nos actos
frouxo nas palavras
cobarde na essência
sofredor na alma.
Até quando devo sofrer?
Que posso fazer para aplacar,
para acalmar
este destino que me é adverso?
Que me é exigido para evitar este fado?
Que outra saída tenho
que não seja a partida?
Sim! A partida.
Se me afastar... para longe
se me esconder do mundo
talvez não sofra tanto
talvez esta dor perca intensidade
e a minha vida não seja tão miserável.

2 comentários:

  1. Bolas amigo, nem sei que dizer! Tão sofrido que me deixa de coração apertado! Como é que um bonito poema pode ser tão sofrido? O sofrimento não é suposto ser belo! Logo como pode deixar com que se escreva belos poemas? Como pode a poesia ser bela se é sofrida ( neste caso)?

    Beijo

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  2. Pois olhe amigo, eu gosto destes poemas de Amor sofrido, a mim me parecem os mais belos.Lembro
    Florbela, quer mais sofridos? E que beleza há neles. Tudo o que vem da alma, é sentimento profundo, logo a inspiração tem que ser bela, apesar de triste.

    Fique bem, gostei deste seu espaço

    um abraço
    rosafogo

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