domingo, 17 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 98 - Emanuel Lomelino

Apesar de ser fiel, até ao tutano, às ideias que acredito serem certas, acho que nunca me levei muito a sério.

As máximas, que assumo como minhas, são apenas isso: minhas. Sigo-as por inteiro, defendo-as do meu jeito, aplico-as a tudo o que faço e digo, sem as impor além de mim.

Não sei explicar de onde surgiu esta necessidade - quase obrigação - de reduzir ao mínimo residual o valor daquilo que defendo, como fosse desinteressante e apenas aplicável a mim.

Contudo, apesar de ter as tonalidades do descrédito pessoal ou falta de autoestima, a verdade é mais suave: é a minha forma de provar que não sou mais que ninguém. Sou apenas eu, ponto.

Este sempre me pareceu mais um dos muitos paradoxos que me definem, no entanto, quanto mais tempo passa por mim mais me identifico com a perspectiva de estar perante a veracidade do conceito.

Este egoísmo declarado é a fonte do paradoxo: porque todos os outros levam-se tão a sério que tentam impor as suas normas ao demais, enquanto eu, limito-me a querer ser a ovelha negra do rebanho e apenas responsável por tudo o que advém de mim.

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