Esta coisa de ser metido comigo mesmo, não dar bola a qualquer um e preferir o sossego da minha individualidade em detrimento da interacção sem motivo, tem o seu lado bom, mas também pode provocar lutas internas difíceis de administrar. Principalmente quando sinto a necessidade de demonstrar empatia ou solidariedade com alguém, em momentos complicados.
Esta minha forma de estar no mundo, talvez demasiado autocentrada, é vista por muitos como um afastamento deliberado tendo por base o completo desinteresse nos outros. Embora essa leitura seja errada, compreendo que pensem assim porque, a bem da verdade, raramente demonstrei o contrário e nunca combati essa percepção.
O problema é que depois, quando fico a saber que alguém, que respeito, admiro ou estimo, está a atravessar um momento complicado, quero dar o meu ombro, mas a falta de interacção anterior inibe-me. Fico na dúvida entre agir ou ficar quieto. Fico sem saber se as minhas palavras vão ser entendidas na verdadeira dimensão do meu cuidado ou como intromissão indevida e despropositada.
Então, na incerteza, fico no meu canto a torcer à distância, para que as coisas melhorem e a recriminar-me por continuar a passar uma imagem que não reflete, nem pouco, mais ou menos, a minha humanidade.
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