Às vezes pensar é uma chatice. Começamos com uma simples ideia e, em vez de ficarmos por aí, tentamos desenvolvê-la e nem damos conta da complicação que estamos a fabricar.
Pego nesta constatação e exemplifico-a.
Ideia simples: hoje, os animais selvagens vivem tal qual os seus antepassados.
Desenvolvimento: são educados da mesma forma; superam as mesmas dificuldades adaptando-se ao ambiente, à escassez ou abundância de alimento, ao clima, às estações, aos ciclos de procriação; enfim, estão equipados com os saberes que passaram de geração em geração e os trouxeram até aos nossos dias.
Complicação: as grandes diferenças no dia-a-dia dos actuais animais selvagens, para a vida dos seus antepassados, prendem-se com o impacto de outra espécie: os humanos.
Este género de mamíferos distingue-se por ser especialista em alterar a ordem normal das coisas, tal como a natureza determinou. Cada geração tenta que a próxima enfrente menos dificuldades e, ao fim de milénios, conseguiu-se transformar toda a nossa essência e decidiu-se apelidar esse processo de evolução.
O problema é que, por mais voltas que a humanidade dê, por mais evolutivos que sejamos, por menos limitados que nos apresentemos, nunca conseguimos (nem conseguiremos) eliminar de nós a vertente selvagem que, enquanto nos outros animais é instintiva com propósito de sobrevivência, em nós é sinal de ambição desmesurada, seguidismo e prepotência.
O melhor é parar por aqui, antes que os pensamentos se compliquem ainda mais, porque a base deste texto era exemplificar como pensar pode ser uma chatice, mesmo partindo de uma ideia simples. Além disso, sempre fico com matéria para textos futuros.
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