Aos mestres,
Sabes Fernando, tal como tu, eu também tenho uma divergência com o mundo porque o vejo com cores diferentes daquelas que ele diz estar pintado.
Até aceito que digas – Alberto – que o problema está nos meus olhos tristes e cansados, e que os tons pastel que observo são do desapontamento que a vida ostenta como medalhas.
Até admito que tu – Álvaro – por seres mais sábio e avisado nas multiplicidades terrenas, vejas nos meus olhos alguma cegueira febril e impostora, e o mundo continue a ser uma criança inocente.
Até reconheço que tu – Ricardo –, por seres poeta da prudência, tens legitimidade para me acusares de heresia e apontares os pecados que a minha visão perpetua em desfavor da terra que pisamos.
Até estimo que tu – Bernardo – tenhas uma opinião para cada entendimento que pulula a minha mente, e matéria suficiente para escreveres uma tese sobre este desassossego.
Não sei qual dos dois – eu ou o mundo – tem a razão do seu lado, no entanto, os esparsos momentos de observação lerda levam-me a acreditar na impostura luminosa do mundo.
Sabes Fernando, nem tudo o que luz é ouro e o brilho dele – o mundo – é terceirizado e engana.
Apreensivo
Emanuel Lomelino
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