O salto
O sangue ferve, rubro como só ele, em torrentes pulsantes de entusiasmo. A adrenalina inunda cada célula como uma onda de energia atómica, provocando um estremecimento cutâneo difícil de descrever, apesar de o sentir em toda a sua intensidade e plenitude.
Flaviano conhece bem a origem de tamanha comoção e sabe que nada pode fazer para combater a longevidade do desconforto. Suporta-o com galhardia, limitando-se a olhar o horizonte que se espraia, diante dos seus olhos, na vertigem dos sentidos.
O sentimento não é novo, contudo, Flaviano sente-o sempre de forma distinta. Essa particularidade, que o intrigou durante as primeiras experiências, deixou de fazer parte dos seus pensamentos mais inquisitivos e, também por isso, cada treino é uma nova história que se escreve.
A única coisa que se mantém inalterável é a sequência de acções que tem de executar, com o máximo rigor, para continuar a alimentar o seu vício e ter a possibilidade de usufruir das sensações que o próximo salto de paraquedas lhe pode proporcionar.
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