quarta-feira, 22 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 316 - Emanuel Lomelino

Dizem que a morte é eterna, mas creio que este adjectivo não é o mais adequado. Para mim é mais correcto dizer que a morte é definitiva.

Para algo ser eterno é necessário apresentarem-se as provas substantivas dessa eternidade. E, até agora, ninguém foi capaz de nos garantir que a morte é estendida no tempo, para todo o sempre.

Já a condição definitiva prova-se por si mesma porque a prova reside no facto de, da própria morte, ninguém ter vindo refutar a sua irrevogabilidade.

O problema não está na morte, mas sim da adjectivação que se lhe dá. É uma característica humana qualificar e quantificar tudo, e mais alguma coisa, sem levar em consideração a etimologia das palavras.

Posto isto, e porque nada mais tenho a acrescentar sobre gramática fúnebre, resta-me mencionar outra certeza definitiva: tal como na vida, também na morte ninguém conseguiu inventar uma máquina do tempo. Se isso algum dia acontecer, pode ser que alguém nos venha esclarecer sobre o tema central deste texto.

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