sexta-feira, 12 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 254 - Emanuel Lomelino

Não há sol que ilumine os íngremes caminhos sombrios que o fado obriga a percorrer, sem desvios.

A luz dissipa-se a cada encruzilhada como se as copas das árvores fossem uma cortina fechada para o céu.

Os passos sincopados, numa lentidão desesperante, soam a desencanto e nada pode ser feito para que a viagem enalteça o espírito.

Olhar para trás também não se revela uma melhor opção porque a lonjura parece idêntica – senão maior.

Resta seguir adiante, na esperança de que, apesar do negrume, a caminhada possa ser feita com o mínimo de percalços e a vastidão subterrânea seja substituída por extensas planícies pintadas de verde e luz. 

Pouco importa a escuridão dos dias quando o final do túnel ainda está à distância de uma vida inteira.

Sem comentários:

Enviar um comentário