sexta-feira, 5 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 209 - Emanuel Lomelino

O conceito de liberdade tem sido discutido, até à exaustão, pelos pensadores mais relevantes, mas estamos bem longe de atingir o consenso.

Há quem defenda que a liberdade existe a partir do momento em que estamos na presença do uso de livre-arbítrio. Outros defendem que a liberdade é uma ilusão porque as nossas decisões são sempre condicionadas por noções de “bem” e “mal”.

O problema é que ambas as ideias também introduzem na discussão o factor ética, que consegue ser um conceito ainda mais divergente.

Partindo do pressuposto que a liberdade de cada um termina no exacto ponto onde começa a liberdade do outro, façamos um exercício.

Imaginemos que estamos num autocarro e entra alguém a escutar música em alto som. Todos os passageiros têm o direito de não serem incomodados, no entanto, aquele que houve música tem o direito de fazê-lo.

Perante este cenário, e baseando-nos nas duas ideias expressas anteriormente, as perguntas imediatas são:

1 – Onde está o limite do livre-arbítrio de cada um?

2 – Que valor ético é aplicável neste caso e quem o determina?

3 – Que solução podemos encontrar para que, no exemplo dado, sejam respeitadas as liberdades de todos?

Confesso que não sei a resposta a nenhuma das questões.

Aquilo que sei é que, enquanto não se chegar a um consenso generalizado, continuaremos a ver a liberdade ser confundida com libertinagem.

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