quinta-feira, 4 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 208 - Emanuel Lomelino

Imagem istockphoto 

As guerras têm, por génese, motivações que, ao contrário do, publicamente, apregoado, são sempre de interesse particular e nunca colectivo. Foi assim no passado, é assim no presente, e será assim no futuro. Perante conflitos armados, as sociedades manifestam-se ruidosamente, durante algum tempo para, pouco a pouco, deixarem esmorecer a indignação até ficarem conformadas e, por fim, indiferentes, desde que seja longe das suas fronteiras.

Mas tudo poderia ser diferente se, em vez de solidariedade em garrafas de água e mantas quentes, aproveitássemos para, satisfazendo o apetite moderno pelos “reality shows” e com as ferramentas que a internet dispõe, criar uma superliga de combates, corpo a corpo, entre os líderes mundiais em beligerância. Vendiam-se os direitos de transmissão para as plataformas de “streaming”, faziam-se contratos de patrocínio com as maiores marcas desportivas e automóveis, e com as casas de apostas, criava-se todo um novo negócio em torno dos eventos e, cereja no topo do bolo, conseguia-se que os níveis de abstenção, nas eleições, diminuíssem drasticamente. Bem vistas as coisas, quem não iria, de bom grado, escolher o representante do seu país para essa competição?

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