segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Epístolas sem retorno 15 - Emanuel Lomelino

Aldous Huxley
Imagem pinterest

Prezado Aldous,


Não faço ideia qual a água bebida, no início do século XX, para que as vozes do seu Admirável Mundo Novo pudessem ser tão visionárias em relação àquele a que fisicamente pertenço.

Mesmo não achando difícil prever-se o declínio da humanidade pelas suas próprias criações, acredito que deve ter existido algo mais do que originalidade na sua pena quando profetizou a ditadura tecnológica a que estamos sujeitos.

A seu desfavor, e correndo o risco de lhe provocar algum amargo de boca, toda a trama que idealizou foi falha no tempo. E por larga margem. Estamos bem longe de 2540 e já mergulhámos numa era de grandes desenvolvimentos tecnológicos ao nível da reprodução genética e de manipulação psicológica.

Sim, por muito distópica que possa parecer esta missiva, nada mais relato do que o estado hipnótico em que a sociedade actual se encontra. Uma letargia colectiva provocada pelo efeito tirano das novas tecnologias, que todos recusam ver e ao qual se entregam sem contestar.


Neo-escravo


Emanuel Lomelino

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