sábado, 24 de agosto de 2024

Crónicas de escárnio e Manu-dizer 9 - Emanuel Lomelino

24-07-2024


Enlouquecem-se-me os neurónios mais conservadores ao escutar as vénias que, os autodenominados vates da modernidade, fazem àqueles que realmente mereceram o epíteto.

Mesmo admitindo a existência de alguma admiração inicial, que inspire conceitos de beleza aos olhos de hoje, poucos são os que conseguem desenhar, com as suas penas, além de rascunhos e cópias forjadas.

Eu poderia relevar os discursos não fossem, varas de frases feitas, todas as estrofes construídas em nome de uma influência que acaba por nunca ser provada.

Em sã consciência, é difícil digerir palavras de louvor proferidas na hora de justificar criações disformes, como se todos os corcundas tivessem o encanto de Notre-Dame.

Não caem os braços ao mundo ao confessar-se pasmo pela excelência e reconhecerem-se as próprias debilidades. Seria tão mais engrandecedor do que simplesmente vomitar eruditismo de copia/cola virtual.

Temo que o Olimpo da poesia esteja a contorcer-se com a vacuidade hiperbólica dos elogios, como se cada novo verso fosse um cutelo afiado e pronto a rasgar a essência da própria língua.

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