Prezado
Manuel,
Sempre tive curiosidade em saber as razões para o obscurantismo de alguns poetas.
Durante anos alimentei-me de percepções e, ingenuamente, admiti que pouco mais havia do que consentimento e vontade própria em ficar-se nas sombras.
Apesar de reconhecer uma mão cheia de exemplos dessa tese, onde o incluo, quanto mais embrenhado ficava neste universo da escrita mais rápido fui aprendendo quão impactantes os holofotes podem revelar-se na transformação de muitos autores, cujos caracteres, num processo de destilação da personalidade, veem esfumar-se a importância dos princípios e valores essenciais ao ofício, sobrando o álcool dos egos e vaidades.
Depois…
bem, depois tudo é medido em amperes e, quanto mais lâmpadas iluminarem os
palcos, maior é a ofuscação e menor é o crivo.
Em consciência,
Emanuel Lomelino
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