Pensamentos literários
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Não sei quantas vezes confessei o quão paradoxo sou. Mas isso também não é importante porque convivo bem com este adjectivo e não perspectivo desfazer-me dele.
Acho que até alimento essa faceta por ser a forma mais fácil de me equivaler, ou aproximar, da duplicidade dos outros, que, para esse efeito, usam máscaras.
Estive quase para usar o termo bipolaridade, mas, analisando bem as alternativas, duplicidade é, efectivamente, a forma mais correcta de caracterizar a urgência que as pessoas têm de querer passar, delas próprias, imagens diferentes daquilo que são. E um bipolar não tem duas caras nem usa máscaras, tem um transtorno.
Neste contexto, de aproximação àquilo que os outros são, revela-se, uma vez mais, a minha vertente paradoxal.
Se por um lado contesto a duplicidade, por vê-la como embuste, por outro lado canto loas aos usuários de máscaras por, com a sua falsidade identitária, darem provimento a uma máxima lançada por Kundera: Nunca somos nós mesmos quando há plateia.
Abençoados pensamentos literários. Abençoada literatura, que é eterna e sempre actual.
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