Papaguear cultura
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A arte, nas suas diversas vertentes e dimensões, é uma actividade intimista que roça, quando não ultrapassa, o egoísmo. Mas este individualismo egocêntrico, que se exige ao criador, não é negativo, antes pelo contrário, é humanista porque permite que as dores da angústia criativa fiquem restritas ao universo da criação.
Aos apreciadores de artes deve ser apresentado o lado mais belo e sereno do objecto artístico, isto é, a arte finalizada.
Pouco importa o número de marteladas falhadas
e quantas lascas de pedra rasgaram a pele do escultor, quando estamos diante de
um busto. Ninguém quer saber quantas camadas de óleo foram colocadas sobre uma
pincelada disforme ou quanto vapor de diluente paira no atelier do pintor,
quando estamos a olhar uma tela. Não existe interesse algum no tempo que o
escritor perdeu para dar vida à frase mais eloquente ou quantos rascunhos foram
atirados ao lixo, quando lemos um livro. Não há relevância na quantidade de vezes
que o actor titubeou ou se engasgou nos ensaios, quando estamos e ver um filme
ou uma peça de teatro. Não é preciso saber quantas vezes as dançarinas
tropeçaram ou erraram os passos nos treinos, quando estamos a assistir a um
bailado.
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