Lomelinices
70
Afasto-me na urgência imperativa de encontrar a distância certa para ficar fora de alcance.
Não quero os meus olhos infectados com o mais ténue vislumbre das falsas asas de borboleta, impregnadas com o visco dos adjectivos desvirtuados.
Distancio as narinas dos cárceres balsâmicos que exalam maresias de refluxo e invadem, como tsunamis camuflados, as praias da minha individualidade.
Não quero provar os banquetes requintados, com acepipes sabendo a almíscar, mas confecionados nas esconsas adegas das abadias sem fé outorgada.
Quero distância. Por isso afasto-me. Quero ficar longe, cada vez mais longe, dos embustes e emboscadas que rastreiam os meus sentidos. Preciso escapar deste turbilhão e encontrar a serenidade de outros horizontes.
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