Lomelinices
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A vida reinventa-se a cada alvorada. Os dias correm lentos ou céleres, dependendo dos humores, ócios e tédios que devoram as horas. Todos os instantes, por mais díspares que se apresentem, rumam no mesmo sentido, como fossem de via única.
Os pensamentos sucedem-se em turbilhões, ou a conta gotas, sempre sujeitos às dispersões, ou falta delas, para que o marasmo se ausente. Cada momento é único, por mais repetitivo que possa parecer.
A labuta diária é executada a diversos níveis e com múltiplos desafios que levantam ou derrubam o ânimo. Há expedientes e artimanhas que ajudam a ultrapassar tempos mortos que perturbam as ânsias e originam inquietações.
Só o crepúsculo carrega sossego nos ombros e a paz de um sono justo e contínuo, porque até os Espartanos merecem repousar das batalhas diárias, mesmo sabendo que as forças restituídas nos poços de todas as noites esfumam-se nos sufocos que a luminosidade transporta.
Por tudo isto, logo pela manhã, há um obtuso, febril, mas sincero, desejo de fechar os olhos e transformar cada minuto em descanso noturno, porque os sonhos são mais gentis do que a realidade.
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