Caro Edgar,
As gárgulas, empoleiradas no negrume dos telhados, choram lágrimas de pó quando atestam, com notório desgosto nas faces grotescas, a perversa iniquidade dos, autodenominados, vates modernos.
Há, nas suas bizarras feições, untadas de raiva incontida, laivos de tristeza pagã e réstias de soturnidade, que resultam dessa fanfarronice egocêntrica que, sabe-se lá por quê e em nome de quem, é característica indissociável dos neo-versejadores.
Longe vão os tempos em que as palradoras estátuas de pedra rejubilavam com as góticas criações dos nobres e genuínos artesãos das palavras. Hoje, por mais esforços hercúleos que façam, dificilmente encontram diversidade na coloração das chamas, porque tudo é azul-propano como esta metáfora imperfeita.
Sombrio
Emanuel Lomelino