terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Depois do poeta c/ Ana Coelho


Poderá um poeta
viver longe da palavra?
Sobreviverá a palavra
à inquieta mente do poeta...
que a reinventa
movimenta e ilude
em pedaços de veludo
que o olhar toca
no tacto da sublime
sensibilidade que cada observar
talhará a mesma palavra
depois do poeta a libertar
nas hostes de uma folha dobrada
nas páginas do volume
que acomodará ao limite da eternidade
de um céu sem terra
de uma terra
onde o pó será uma folha amarela!
 
Suportará um poeta
a ausência da palavra?
Poderá a palavra
resistir à morte do poeta
que lhe deu vida
guarida e abrigo
em versos de papiro
que o tempo conserva
nas gavetas do conhecimento
numa história infinita
de capítulos incompletos
que se renovam a cada passo
Saberá a palavra
sobreviver sem o poeta
que lhe legou a imortalidade
nas estrofes que enriquecem
as bibliotecas de Babel
de uma memória viva?

Poema retirado do meu livro LICENÇA POÉTICA [duetos lomelinos] - Lua de Marfim - 2011

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