terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Papaguear cultura 8 - Emanuel Lomelino

Papaguear cultura 


8


A minha opinião sobre a democratização na escrita é muito clara: serei sempre apologista do universalismo criativo, isto é, todos têm, mais do que o direito, o dever de escrever como lhes aprouver, do jeito que entenderem, sobre o que quiserem. No entanto, universalizar a criatividade não transforma todos os criadores em expoentes máximos nem lhes outorga genialidade.

Este posicionamento advém da observação que tenho feito do contemporâneo universo da escrita, de onde sobressaem duas correntes que, não tendo carácter ideológico-filosófico-criativo, procuram impor as suas razões antagónicas. De um lado a banalização, do outro a elitização.

Li recentemente que, no início do século XX, houve alguém que identificou o excesso de impressões (leia-se produção de livros) como sendo o principal factor de deterioração dos valores culturais da época.

Mesmo desconhecendo as circunstâncias que levaram a essa afirmação, fiquei a matutar sobre qual seria a reacção, do mesmo indivíduo, às enxurradas impressas de hoje.

Creio que, nesta matéria, nunca chegaremos a um entendimento de compromisso porque o direito de publicar jamais poderá ser negado e cabe aos leitores decidir o que é banal e o que é literatura, sem elitismos. O mesmo vale para outras vertentes culturais. E isso levanta mais uma questão: existem condições para que os consumidores de arte saibam e queiram filtrar?

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