domingo, 12 de janeiro de 2025

Crónicas de escárnio e Manu-dizer 21 - Emanuel Lomelino

17-09-2021


Primeiro apareceu o homem, depois a mulher – dois géneros. Surgiu o sexo para que masculino e feminino se reproduzissem - número. A humanidade prosperou e virou muitos homens e mulheres com desejo sexual – biologia. Depois a humanidade era tanta e o sexo tão frequente, mas banal, que começou a busca por novos sentires – poesia?

E o sexo foi inovado. Os humanos dividiram-se entre heterogeneidade e homogeneidade, deixando espaço para a bissexualidade – natureza. E logo vieram grupos e subgrupos sob pretextos e teorias diversas para autoexplicar os seus aparecimentos – retórica.

Alguns deles sentiam-se elas, elas sentiam-se eles, outros (eles) sentiam-se elas, mas com desejos de serem eles, e existiam elas que se sentiam eles, mas queriam pertencer a elas. E também havia outros, ou outras, que não se sentiam uma coisa nem outra – modernismo.

E ao longo de toda esta dúvida existencial surgida do sexo, por muito que contestem e se ofendam, a gramática manteve-se sem mutações e continuou a classificar artigos definidos e indefinidos com critérios de número (singular e plural) e género (feminino e masculino). “Os” que se sentem “as” e “as” que se sentem “os”, são idênticos a “uns” que se sentem “umas”, mas querem ser “uns”, a “umas” que se sentem “uns”, mas querem sentir-se “umas”, e a todos os outros e outras – igualdade gramatical prática.

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