O céu azul, o sol a pique e a vontade de, como o António, “estar bem onde não estou”, porque os desejos são como as miragens provocadas pelas ondas de calor – aquele bailado ondulante, no negro asfalto, que hipnotiza, mas sufoca.
Consigo refrescar a garganta seca de outras paragens, no entanto, o espírito mantém-se ressequido e ressentido pelo momento – penoso instante que se prolonga na esfera do desespero, tal qual dunas de um qualquer deserto.
A água simplesmente humedece os lábios gretados e trémulos, enquanto as rédeas do pensamento não deixam que os olhos se desembaracem da linha do horizonte desejado e distante.
Confrontado com a inevitabilidade palpável e real – antagonista da sentença do António – encolho os ombros e aceito, mais uma vez, a fatalidade de estar mal onde não quero estar, mas estou.
Que ninguém se compadeça.
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