segunda-feira, 7 de abril de 2025

Epístolas sem retorno 29 - Emanuel Lomelino

Edgar Allan Poe
Imagem pinterest

Caro Edgar,


As gárgulas, empoleiradas no negrume dos telhados, choram lágrimas de pó quando atestam, com notório desgosto nas faces grotescas, a perversa iniquidade dos, autodenominados, vates modernos.

Há, nas suas bizarras feições, untadas de raiva incontida, laivos de tristeza pagã e réstias de soturnidade, que resultam dessa fanfarronice egocêntrica que, sabe-se lá por quê e em nome de quem, é característica indissociável dos neo-versejadores.

Longe vão os tempos em que as palradoras estátuas de pedra rejubilavam com as góticas criações dos nobres e genuínos artesãos das palavras. Hoje, por mais esforços hercúleos que façam, dificilmente encontram diversidade na coloração das chamas, porque tudo é azul-propano como esta metáfora imperfeita.


Sombrio

Emanuel Lomelino

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