quarta-feira, 3 de julho de 2024

Diário do absurdo e aleatório 358 - Emanuel Lomelino

A aspereza rústica nas dobras dos dedos, que já dificulta cerrar os punhos, mais do que embrutecer o individuo, esconde a civilidade branda do toque.

A rijeza da derme tisnada pelo sol, curtida pelo vento, esculpida pela chuva, mais do que mirrar o corpo, oculta a polidez sensível do carácter.

O olhar rubro-vítreo, com cataratas e teias bailarinas, mais do que sombrear os horizontes, mascara o discernimento da alma.

Por mais tosco e quebrantado que alguém possa parecer, nunca podemos esquecer que a própria natureza é dissimulada e um simples pedaço de carvão pode ser um diamante camuflado.

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