segunda-feira, 6 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 300 - Emanuel Lomelino

Juro que tento ressuscitar em algumas mortes, mas é difícil devolver a vida a raízes que passaram por impiedosa trituração.

Deixou de haver remédio para colmatar o desconforto provocado pelos engodos permanentes e intencionais. Já não existe antídoto para os embustes perversos. Tampouco há milagre que inverta a falsidade hipocondríaca.

As compressões no peito já não desobstruem os incómodos pérfidos originados pelas frases feitas, lugares-comuns e puxões de tapete.

Nem a manobra de Heimlich consegue desengasgar-me as goelas dos sapos, viscosos e intragáveis, que tentei engolir na crença esperançosa de novos horizontes.

Assim, por razão de sanidade mental e para evitar a putrefação de todos os sentidos, deixei de perder tempo em reanimações e sou mais célere na confirmação dos óbitos em mim.

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