Por vezes a ansiedade supera a imperativa urgência de
resposta imediata e as intensões ficam por cumprir. A mente como que bloqueia e
as acções ficam presas na vontade, como se uma força hipnótica tomasse as
rédeas da vida.
O primeiro impulso é abraçar a inércia e deixar-se
envolver no vazio de ficar sem chão para caminhar. A energia esvai-se como um
sopro rápido e o vigor evapora com o calor da perplexidade de ficar de calças
na mão.
O corpo quer recolher-se sobre si mesmo e a razão
finge não existir por sentir-se culpada e não querer agravar a desfaçatez cruel
de um instante de infâmia e desonra.
Com a desorientação encavalitada nos ombros, as costas vergam sob o peso da vergonhosa incapacidade de reverter o destino traçado e, tal como no jogo da glória, mais uma vez, regressa-se à casa de partida – lugar, há muito, indesejado.

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