domingo, 31 de janeiro de 2010

Sonho utópico

Vislumbrei um Sol de tons brilhantes
que me deu ânimo, alguma esperança
vi esse Sol no sorriso de uma criança
lembrei-me do brilho que havia antes

Testemunhei o nascer de uma nova era
uma outra forma de encarar esta vida
com mais paz e alegria, menos sofrida
sublime como a chegada da Primavera

Nesse momento também eu me alegrei
tudo em meu redor era festa e euforia
como era sereno esse mundo d'encanto

Então, contra a minha vontade, acordei
o Sol no sorriso da criança eu não via
e desfiz-me em lágrimas, longo pranto

sábado, 30 de janeiro de 2010

Falta de valores

No mundo, o que mais se enxovalha
é o suor do pobre povo que trabalha
e o rubro sangue por ele derramado
a mesquinhez é vista como medalha
honra é uma máscara feita de palha
o mau carácter chega a ser ensinado

A mentira tem alto valor no mercado
o embuste é permitido e incentivado
intrujar já é uma rede de larga malha
a falsa argúcia é um poder instalado
o Zé-povinho trabalhador é ignorado
que apenas se respeita quando calha

E quando a garganta colectiva ralha
ao desvalido não há quem lhe valha
seu grito é imediatamente censurado
morre a questão enquanto acendalha
castiga-se o espírito a fio de navalha
e o resto do mundo olha para o lado

Aconselho todos os amigos e amigas que me visitam a lerem este artigo sobre poesia que hoje apareceu no DN. A nossa querida MARIA PAULA RAPOSO é uma das figuras da poesia portuguesa contemporânea referenciadas.

Valor de um amigo

No ciclo de amigos que fazemos na vida
há alguém que nos desperta mais afeição
uma pessoa que considerada como irmão
vale bem cada instante d'amizade sentida

Para se viver uma existência bem vivida
se remorsos, pesar, tristeza ou frustração
nada como sentir uma falta de obrigação
em coroar cada gesto d'amizade recebida

Ninguém quantifica o valor de um amigo
o carinho puro não exige nada em troca
faz-se tudo para se manter um camarada

Quem diz: Conto contigo... conta comigo!
sabe qual o sentimento que isso provoca
e sem amigos esta vida tem valor de nada

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fogo que arde

Amor é fogo que arde sem se ver
há muito tempo que eu oiço dizer
e ainda não sei se hei-de acreditar
o fogo queima, sinto o corpo arder
é dor que sinto, nada disto é prazer
por amor ninguém merece queimar

Amor é fogo que arde sem se ver
mas eu vejo o meu coração arder
e a minha alma está a acompanhar
esta dor estou decidido a combater
não vejo quem me possa socorrer
e este incêndio consiga apaziguar


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Neste jardim encantado

Neste jardim encantado da poesia
desabrocham versos de mil cores
motes cuidados, perfeitos amores
palavras sábias em perfeita elegia

Neste jardim encantado da poesia
nascem poemas de vários odores
palavras com perfumes sedutores
aromas que se renovam cada dia

Neste jardim encantado da poesia
planto as sementes da minha verve
rego com amor este meu canteiro

Crio estas belas flores da fantasia
por este jardim meu sangue ferve
sou aprendiz de poeta e jardineiro



domingo, 24 de janeiro de 2010

Nosso fado

Numa sala cheia de fumo e gente
quando o silêncio a nós se agarra
ouve-se o trinar de uma guitarra
ouve-se a voz do fado comovente

Numa cadência certa e imponente
o fadista clama poesia com garra
a viola acompanha-o nesta farra
fado! Qual dos dois mais o sente

Cantiga boémia, bem portuguesa
bandeira de uma nação tamanha
pátria da melancolia, da saudade

Cantiga triste mas cheia de beleza
voz dum povo que a vida amanha
nosso fado, filho da portugalidade

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Criação poética

Estudo e releio as poesias dos mestres
tento apreender o que o poeta me diz
decifro poemas citadinos e campestres
com a atenção dum genuíno aprendiz

Capto o essencial dos versos lavrados
faço a minha análise, aclaro as ideias
pretendo subir ao nível dos aclamados
através destas minhas poesias plebeias

Sorvo o mais fundamental de cada um
abono ao meu estro doses de sabedoria
alimento-me seguindo o meu criterium
em cada verso maior mendigo energia

É nos poemas que recito que me educo
é pelas filosofias sapientes que me crio
encontro saber até num poema caduco
a força do lirismo aquece o meu estio

Em cada trova vislumbro a inspiração
que brota com violência dum tornado
por cada rima aflora o acto de criação
parte imponente dum trajecto iniciado

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Convite


O autor, EMANUEL LOMELINO e a TEMAS ORIGINAIS têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro AMADOR DO VERSO a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo dia 13 de Fevereiro, pelas 19.00 horas

Obra e autor serão apresentados por PAULO SANTOS

É com muito orgulho e satisfação que deixo aqui este convite, para o lançamento do meu 1º livro de poesia, a todos os amigos e amigas da blogosfera que queiram e possam aparecer. A todos agradeço os comentários motivadores, a força e coragem que me transmitiram e me levaram a dar este passo importante. O "AMADOR DO VERSO" também é vosso.

Quero deixar aqui um agradecimento público a uma pessoa especial, AUSENDA HILÁRIO, não só pelo carinho e amizade revelados ao longo deste meu trajecto na blogosfera, mas também pela disponibilidade em escrever o belíssimo prefácio deste meu primeiro livro. Amiga, já te transmiti pessoalmente mas quero que todo o mundo saiba o quanto me sinto honrado por teres aceite prefaciar este meu sonho. A amizade não se agradece mas sinto-me abençoado por ter a tua.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A razão de te amar

Não preciso olhar para te ver
conheço cada recanto do teu rosto.
A tua imagem está gravada em mim
como película fotográfica.
Não preciso cheirar para te sentir
conheço o teu aroma adocicado.
O teu perfume está entranhado em mim
como um bálsamo celeste.
Não preciso ouvir para te escutar
conheço o teu som, cada timbre, cada nota.
A tua voz ecoa em mim
como canto de sereia.
Não preciso tocar para te sentir
conheço cada célula que te compõe.
O teu corpo é um mapa sem segredos
uma estrada feita de desejo.
Só não conheço o teu sabor
jamais senti nos lábios o gosto da tua boca
nunca sorvi o ar que respiras.
Por tudo isto não compreendo
a razão de te amar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O tempo

O tempo resolve
envolve e projecta
o tempo pode
tem carta verde
tudo lhe é permitido.
O tempo é rei e senhor
dos sentimentos
da penúria e da abastança.
O tempo é multicolor
e multifacetado.
Pelas suas tonalidades
e vastas facetas
sofremos a passagem do tempo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sonhos

É o sonho que comanda a vida
esta sentença há muito sabida
nunca perde a sua actualidade
mas não te guies pelos sonhos
viverás muitos dias tristonhos
nem todos eles viram realidade

Podes sonhar uma vida melhor
para ti e os que estão em redor
sonhos solidários e de amizade
podes ir à luta pelo que sonhas
mas p'lo sonho não t'imponhas
atinge-os com sã naturalidade

Não deves apartar a esperança
nem tampouco a tua confiança
há sonhos que te dão felicidade
e naqueles que vais concretizar
só tens de saber como saborear
ou o sonho é apenas banalidade

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dança

Um passo à esquerda, dois à direita
ritmados vamos na cadência certa
belo vestido púrpura que te enfeita
lindo esse decote que me desperta

Teu corpo balança em meus braços
ao som da música que escutamos
desajeitados mas sem embaraços
esta é a nossa música e dançamos

Nos teus olhos perco o meu olhar
nos teu lábios colo a minha boca
teu belo corpo encostado no meu

É por ti que estamos aqui a dançar
mesmo sendo esta uma ideia louca
vem Julieta, dança p'ró teu Romeu

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tu partiste

Tu partiste para longe de nós, irmã
tentando dar brilho ao teu amanhã
estás longe mas... no nosso coração
tentas um rumo, lanças a tua sorte
mas nós sabemos o quanto és forte
e compreendemos bem a separação

Tu partiste e deixaste aqui saudade
foste em busca duma oportunidade
iniciaste a tua Odisseia, boa viagem
neste que é o teu dia de aniversário
digo-te que contigo estou solidário
eu sei que és uma mulher coragem

Tu partiste para essa ilha dos bifes
onde pensam qu'os tugas são naifes
mostra-lhes o que é a raça lusitana
os antigos derrotaram o Adamastor
no teu sangue corre luso esplendor
tenho orgulho de ti, querida mana

Este poema é dedicado à minha irmã Fernanda que está a viver em Inglaterra e que hoje celebra o seu 35º aniversário. Nanda muitos parabéns, amamos-te muito.

*para quem não sabe, nós os europeus continentais chamamos "bifes" aos ingleses pelo seu ar emproado como se fossem carne de qualidade superior.
**para quem não sabe, a palavra "tuga" é gíria que identifica os portugueses

domingo, 3 de janeiro de 2010

Jardim poético

Neste jardim de ideias poéticas
sempre floresce um improviso
desabrocham as flores cépticas
de colorações que me dão riso

Palavras encadeadas, patéticas
com bem pouco senso ou siso
boninas frágeis e esqueléticas
muitas vezes também é preciso

Motes sucedem-se em reles tino
num horto de plantas exóticas
quase numa procissão herética

São regadas p'lo insano destino
ervas daninhas, frases caóticas
adubadas por uma lira eclética



sábado, 2 de janeiro de 2010

A vida...

A vida muitas vezes é injusta
de quando em vez até assusta
e descobrimos algumas fobias
mas o medo pode ser positivo
se nos der uma razão, motivo
para melhor viver nossos dias

A vida, reitora de universidade
mostra-te a mentira, a verdade
fazes as tuas próprias escolhas
enfrenta a vida de peito aberto
e a felicidade estará mais perto
vai em frente, não te encolhas

Madrasta, a vida sabe bem ser
e tudo na vida faz-nos crescer
com mais ou menos cicatrizes
no final as contas serão feitas
tu fazes a cama onde te deitas
és obra parida das tuas raízes

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

De olhos fechados

Fecho os olhos, tento escutar o rouxinol
procuro no seu canto a minha inspiração
imagino uma praia, iluminada p'lo Sol
bem longe do Inverno, em pleno Verão

Oiço as ondas que beijam a areia fina
sinto no rosto uma suave brisa morna
como o oscular de uma sereia menina
que após uma trova ao seu lar retorna

Sinto que entranha em mim a maresia
eu, bem tranquilo aqui nesta praia bela
activo, neste prazer de escrever poesia
os meus olhos fechados são uma janela

De olhos cerrados percorro este mundo
navego de lés a lés, por terra e por mar
no Oceano d'inspiração não me afundo
o solo do meu estro continuarei a pisar

Ano novo

Abro a garrafa de champanhe
haja alguém que acompanhe
e que beba comigo desta flute
quero que ninguém se acanhe
que todo o mundo se amanhe
talvez assim esta festa resulte

Vamos comemorar o novo ano
num cerimonial quase profano
e neste festim ninguém insulte
bebamos neste tempo mundano
alegria está em primeiro plano
quero que o meu povo exulte

FELIZ 2010